sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Grão-mestre de saia

William Almeida de Carvalho
Afirma-se freqüentemente que o convento de 1877, realizado pelo Grande Oriente de França (GOF), expulsou o G.:A.:D.:U.: de seus templos e, por esta razão a Grande Loja Unida da Inglaterra retirou-lhe o reconhecimento, jogando-o, ipso facto, na irregularidade.O objetivo deste artigo é arrolar os contra-argumentos do GOF, principalmente os apresentados na conferência do Ir.: Karim-Jacques em Washington, em 16 de novembro de 1996, sobre o assunto, para que se possa ter uma visão sobre os dois pontos de vista.Os Maçonólogos do GOF preceituam que o Convento de 1877 foi, na verdade, um ato refundador da maçonaria dita liberal, sem desconhecer, contudo, que tal ato se tornou a raiz de sua "irregularidade" e da ruptura entre o GOF e a maçonaria anglo-saxã. Como pano de fundo desta querela cintila a questão da relação entre Deus e a Maçonaria (Vide A Querela do G.:A.:D.:U.: de Guilherme Oak).A versão histórica dos fatos, pelo GOF, é bastante interessante. Imediatamente após sua criação em 1717, a Grande Loja Londres decidiu adotar um ato máximo regulador que veio ser conhecido como as Constituições de Anderson, pois sua redação foi confiada a uma comissão presidida pelo pastor James Anderson sendo a versão final publicada em 1723. Estas Constituições de Anderson apresentavam, como primeira parte, uma história mítica da maçonaria e, em seguida, os Deveres de um Franco-Maçom, no qual o item referente a Deus e à Religião constituiria o cerne destas Constituições. Eis o texto completo, retirado de uma edição do GOB em 1977:I - O que se refere a Deus e a Religião"O Maçom está obrigado, por vocação, a praticar a moral, e se compreender seus deveres, nunca se converterá em um estúpido ateu nem irreligioso libertino. Apesar de nos tempos antigos os maçons estarem obrigados a praticar a religião que se observava nos países em que habitavam. hoje crê-se mais conveniente não impor-lhes outra religião senão aquela que todos os homens aceitam, o dar-lhes completa liberdade com referência às suas opiniões particulares. Esta religião consiste em ser homens bons e leais, quer dizer, homens honrados e probos, seja qual fora a diferença de nome ou de convicções. Deste modo a Maçonaria se converterá em um centro de unidade, e é o meio de estabelecer relações amistosas entre pessoas que, fora dela, teriam permanecido separadas". (Constituição de Anderson, GOB, s/d, Rio de Janeiro).O que já se escreveu no mundo todo sobre este pequeno parágrafo, principalmente no que concerne à exclusão dos "ateus estúpidos" e dos "libertinos sem religião" daria para redigir vários tratados de filosofia. Obviamente que existem ateus que não sejam estúpidos e libertinos com religião, mas para os redatores das Constituições, saídos do meio protestante da Inglaterra do Século XVIII, o ateísmo constituía, na verdade, uma estupidez. Os comentadores do GOF notam que a tradição bíblica afirma que o ateísmo advém de uma limitação voluntária das faculdades da inteligência do homem: "diz o insensato no seu coração: 'Deus não existe''' (Salmos 14,1) e o pensamento Inglês do Século XVIII considerava o ateísmo como contrário ao bom uso da razão. Quanto ao libertinos, Anderson não visava, como hoje se pensa, àqueles que são desregrados nos seus costumes, na sua moral, ou seja, àqueles que não seguem as leis da religião, seja pela crença seja pela prática, em suma, os livres-pensadores. Assim, para os redatores das Constituições, a adesão do maçom à uma religião era mais que um imperativo categórico, era, enfim, uma necessidade quase biológica. Aqui se coloca um problema. De que religião se trataria? Daquela sobre a qual todos os homens estão de acordo.E esta religião, sobre a qual todos os homens estão de acordo, não deveria ser definida tendo como referência a crença em um Deus pelo qual se atribuiria todas as suas características singulares, mas sim as virtudes às quais Ele sujeitaria seus adeptos, ou seja, a bondade, a sinceridade, a modéstia e a honra.As Constituições de Anderson são, para os maçons do final do século XX, o texto fundador da maçonaria moderna antes de tudo, porque elas consagram a superação das clivagens religiosas entre os homens. Quando, durante o século XVIII, a maçonaria se espraiou sobre o continente europeu, principalmente na França, esta superação das clivagens religiosas casou-se naturalmente com as idéias defendidas pelos filósofos das Luzes. A religião, sobre a qual todos os homens estariam de acordo, era, para a maioria dos maçons franceses, idêntica à religião natural, adogmática, na qual falava Voltaire no seu Dicionário Filosófico quarenta anos após a primeira redação das Constituições: o Deus dos filósofos das Luzes, que era o grande denominador comum da natureza e do cosmo, sem que lhe fosse necessário recorrer a manifestações sobrenaturais. Estava claro que esta interpretação estava em desacordo com aquela dos maçons ingleses, pelo menos daqueles que se sucederam aos redatores das Constituições. Sobre o continente europeu, e mais uma vez, principalmente na França, a filosofia das Luzes se confrontava com um cristianismo fortemente dogmático representado pela Igreja Católica. Pelo contrário, na Inglaterra, as tradições de livre interpretação da bíblia, apanágio do protestantismo, permitiam ao Iluminismo desabrochar num clima fortemente marcado pelos ensinamentos de Cristo.Assim, para os maçons ingleses, a abertura trazida pelas Constituições de Anderson apontava a vontade de ultrapassar as clivagens entre as diversas religiões cristãs e, até mesmo, em direção às outras religiões reveladas, como o judaísmo. O islã ainda estava muito distante para entrar neste caldeirão ecumênico "avant la lettre". Esta orientação deveria por outro lado, ser formalmente confirmada quando da revisão das Constituições, efetuada em 1738, ou seja, quinze anos após a primeira edição.Contudo, nesta versão revisada, o maçom é, naquele famoso item das obrigações para com Deus e a Religião, obrigado, de agora em diante, "a observar a lei moral como um verdadeiro Noaquita". Pronto, com esta guinada do deísmo para o teísmo, introduziu-se a referência à revelação de Deus a Noé, à aliança entre o Deus criador e o homem, que engloba todas as religiões monoteístas, ou seja, estabeleceu-se a reserva de mercado das religiões reveladas e não mais "a religião sobre a qual todos os homens estão de acordo". Aqui, é necessário fazer uma distinção entre edoísmo e teísmo. Segundo Alberton "teísmo é a doutrina de escola filosófica que admite a existência de Deus pessoal, primeiro princípio e fim último de tudo o que existe; deísmo é um sistema filosófico-religioso ou espécie de religião natural.Não nega a existência de Deus. Entretanto, Deus só pode ser alcançado por argumentos puramente racionais. Não há, pois, revelação e o Cristianismo se torna desnecessário. Intervenção de Deus no mundo também é, pois, desnecessária, negando, por conseguinte, sua providência.Por isto também repugna-lhe o milagre, bem como toda intervenção sobrenatural: a Revelação e a Graça ou auxílio de Deus" (O Conceito de Deus na Maçonaria, ed.Aurora, RJ, 1981, pg.79).Convém salientar que Anderson tenta amenizar a derrapagem teísta, pois, em maçonaria a primeira aliança com Deus é a de Noé, e não somente aquela de Abraão, que conviria mais aos Judeus e aos maometanos, ou ainda a de Moisés, que convém mais aos Judeus e aos Cristãos, ou aquela de Cristo que concerne obviamente aos cristãos. O Anderson de 1738 tenta demonstrar, assim, que os filhos de Noé também contrataram com Deus a mesma aliança que seu pai; estão na origem das religiões posteriores. Deste modo, o Noaquismo andersoniano tenta ser, não uma filosofia, mas acima de tudo um princípio. Ainda que a palavra seja imprópia, ela significa virtualmente, mas em definitivo, que todos os homens se reconhecem nesta primeira aliança, ainda que eles admitam ou não as alianças posteriores; todos, de maneira universal, poderiam ser maçons.Este, contudo, não é o ponto de vista da concepção da maçonaria liberal francesa, que se mantém fiel ao marco deísta das Constituições de 1723. Para ela, a Constituição teísta de 1738 conspurcou aquela original de 1723, e a ruptura entre a maçonaria anglo-saxã já estaria, senão virtualmente consumada, pelo menos programada neste momento. A criação do GOF e a cisão de 1877 quase 150 anos depois, seriam meras decorrências daquela traição de 1738.O Grande Oriente de França, criado a partir de 1773, sempre apresentou uma posição deísta e tolerante em relação a Deus e à Religião. A própria iniciação de Voltaire na Loja das Noves Irmãs em 1778 representou a adesão da elite da maçonaria francesa à uma concepção de uma religião natural de característica deísta, ou seja, a concepção original das Constituições de 1723. O exame dos rituais do rito francês da época, por exemplo aqueles de 1786, não faziam menção seja a Deus, seja ao G.:A.:D.:U.:, mas era diante do G.:A.:D.:U.: que o iniciando prestava seu juramento , terminando com a invocação: "Que o G.:A.:D.:U.: me ajude". Todas a pranchas e os diplomas, emitidos pelo GOF apresentavam no seu cabeçalho o seguinte título: A.:L.:G.:D.:A.:D.:L.:U.: (À La Gloire Du Architecte De L'Univers - À Glória do Arquiteto do Universo).Nos primeiros decênios de século XIX, o carácter majoritariamente deísta da maçonaria do GOF não foi colocado em causa, seja na época da saída dos eclesiásticos das lojas, quando da assinatura da Concordata Napoleônica de 1801, seja durante as condenações repetidas pela Igreja Católica em 1821, 1825, 1829, 1832 e 1846. Durante a Revolução de 1848, as idéias românticas e rousseaunianas triunfaram na sociedade civil, na política e nas lojas.Recebendo uma delegação do GOF, o Ir.: Adolphe Crémieux, membro do Governo e maçom do R.:E.:A.:A.: declarou: "O G.:A.:D.:U.: deu o sol ao mundo, a liberdade para o sustentar. O G.:A.:D.:U.: quer que todos os homens sejam livres, ele nos deu a terra para ser fertilizada, e é a liberdade que a fertiliza. A maçonaria não tem, é verdade, por objeto e política, mas a alta política; a política da humanidade sempre tem encontrado acolhida no seio das lojas maçônicas. Lá, em todos os tempos, em todas as circunstâncias, sob a opressão do pensamento como sob a tirania do poder, a maçonaria repetiu incessantemente as palavras sublimes: Liberdade, Igualdade e Fraternidade. (...) Seja Dito! A República fará aquilo que faz a maçonaria. Ela se tornará um contrato radiante de união dos povos sobre todos os pontos do globo, sobre todos os lados de nosso triângulo, e o G.:A.:D.:U.:, do alto do céu, subscreverá este nobre pensamento da República, que se espalhando por todas as partes, reunirá num mesmo sentimento, todos os cidadãos da terra".É, também, neste contexto que, em 1848, uma comissão do GOF examina um relatório intitulado "Como restituir à Maçonaria o caráter religioso que lhe é próprio?" e o Convento de 1849 do GOF adota a primeira Constituição da Obediência que, até aquela época, possuía somente regulamentos gerais. O artigo primeiro desta Constituição rezava o seguinte: "A Maçonaria, instituição essencialmente filantrópica, filosófica e progressista, tem por base a existência de Deus e a imortalidade da alma; ela tem por objeto o exercício da beneficência, o estudo da moral universal, das ciências e das artes, e a prática de todas as virtudes. Sua divisa tem a sido de todos os tempos: Liberdade, Igualdade e Fraternidade".Esta profissão de fé estava indo bem além do deísmo, um pouco frouxo, que reinava na maioria das lojas, não sendo, entretanto, adotadas, sem dimensões internas, no seio do GOF. Em janeiro de 1847, Proudhon, que tinha sido iniciado numa loja de Besançon, ralatava: "Como todo neófito, antes de receber a luz, eu deveria responder às três perguntas de praxe: Qual o dever do homem em relação ao seu semelhante? Qual o seu dever em relação ao seu país? Qual o dever do homem em relação a Deus? Sobre as duas primeiras perguntas, a minha resposta foi tal qual se podia esperar. Sobre a terceira, contudo, eu respondi por esta palavra: a Guerra". Resposta, entretanto, que não o impediu de ser iniciado...As dissensões sobre a crença em Deus e a imortalidade da alma se acentuaram na medida que progrediam, às vezes, o anticlericalismo, alimentado pelas novas condenações papais de Pio IX à maçonaria, em 1864 e 1865, bem como também pelas idéias da filosofia positiva de Auguste Comte. Vamos ver agora como esta transição foi se processando progressivamente. No Convento de 1861, o conflito tinha sido muito forte entre o Grão-Mestre que saía - o príncipe Lucien Murat -, que desejava impor uma maçonaria do tipo anglo-saxão, e a maioria dos irmãos convertidos ao positivismo científico. Um compromisso foi, então, estabelecido no Convento de 1865, chegando-se a uma revisão do artigo primeiro da Constituição que, desde então ficou assim redigido: "A Maçonaria, instituição essencialmente filantrópica, filosófica e progressista, tem por objeto a pesquisa da verdade, o estudo da moral universal, das ciências e das artes e o exercício da beneficência.Ela tem por princípios a existência de Deus, a imortalidade da alma e a solidariedade humana. Ela contempla a liberdade de consciência como um direito próprio a cada homem e não exclui ninguém pelas suas crenças. Ela tem por divisa: Liberdade, Igualdade e Fraternidade".Este compromisso mostrava-se extremamente capenga. As disposições do artigo primeiro estavam contraditórias.A afirmação do princípio da existência de Deus e da imortalidade da alma não eram compatíveis, dentro da boa lógica, com aquele de liberdade de consciência. Nota-se que o compromisso estava se esgotando e não deveria, ipso facto, durar muito. Chega-se, finalmente ao ponto de ebulição: o Convento de 1877, que passou a ser o marco de rompimento da maçonaria francesa com a anglo-saxã. O Ir.: Fréderic Demons, um pastor protestante de Gard, que era, então, delegado da loja O Progresso ao Oriente de Saint-Geniès e que foi, posteriormente, Grão-Mestre do GOF, foi designado como relator do voto tendendo à supressão da referência, na Constituição, do princípio da existência de Deus e da imortalidade da alma. Segundo historiadores do GOF, ele pronunciou um dos mais belos discursos da história da maçonaria que deve ser citado para melhor se entender este ponto de ruptura. Após ter afirmado: "Quem não sabe (...) que ninguém entre nós, ao propor esta supressão, não se está fazendo profissão de ateísmo ou materialismo?" e prosseguia concluído: "Nós demandados a supressão desta fórmula porque ela é embaraçante para muitos profanos que, animados do sincero desejo de fazer de nossa grande e bela instituição que nós lhes incutimos, a bem dizer, como uma instituição lata e progressista, se vêem de repente detidos por esta barreira dogmática que sua consciência não lhes permite transpor. Nós demandamos a supressão desta fórmula por que ela nos parece, sobremaneira, inútil e estranha à finalidade da maçonaria (...) Seu campo não é bastante vasto, seu domínio tão extenso para que não seja necessário colocar o pé sobre um terreno que não é seu? Não. Deixemos aos teólogos o cuidado de discutir os dogmas. Deixemos às Igrejas autoritárias o cuidado de formar seus sílabos. Mas, que a maçonaria permaneça aquilo que ela deve ser, ou seja, uma instituição aberta a todo o progresso, a todas as idéias morais e elevadas, a todas as aspirações amplas e liberais.Que ela não desça jamais à arena ardente das discussões teológicas que só tem levado - creiam-me naquilo que vos falo - às discórdias e às perseguições. Que ela se resguarde de querer ser uma Igreja, um Concílio, um Sínodo, porque todas as Igrejas, todos os Concílios, todos os Sínodos tem sido violentos e perseguidores, e isto por ter sempre tomando por base o dogma que, pela sua natureza, é essencialmente inquisidor e intolerante. Que a maçonaria plane, então, majestaticamente sobre todas as questões de Igrejas ou de seitas, que ela domine, do alto da sua grandeza, todas aquelas discussões, que ela se torne o vasto abrigo sempre aberto a todos os pesquisadores conscienciosos e desinteressados da verdade, a todas as vítimas, enfim, do despotismo e da intolerância".Após discussões acaloradas, o Convento adotou, então, a seguinte redação para aquele famoso artigo primeiro da Constituição do GOF: "A maçonaria, instituição essencialmente filantrópica, filosófica e progressista, tem por objeto a busca da verdade, o estudo da moral universal, das ciências e das partes e o exercício da beneficência. Ela tem por princípio a liberdade absoluta de consciência e a solidariedade humana. Ela não exclui ninguém por suas crenças. Ela tem por divisa: Liberdade, Igualdade e Fraternidade". Esta redação perdurou, sem muitas modificações, até os dias atuais. Segundo os analistas do GOF, o que o Convento de 1877 proclamou foi uma volta à orientação dada pelas primeiras Constituições de Anderson de 1723. Voltou a consagrar a maçonaria como sendo um verdadeiro Centro de União, refundando assim, pelo prisma dos historiadores do GOF, a maçonaria liberal, ou seja a maçonaria da liberdade absoluta de consciência. O Convento, após a modificação do artigo primeiro, convocou o Conselho da Ordem a estudar a questão relativa à revisão dos rituais. As informações sobre a data desta revisão são um tanto quanto contraditórias. Algumas fontes mencionam a publicação dos novos rituais dois anos após a celebração do Convento; outras indicam que os novos rituais só entram em vigor em 1887, dez anos após o Convento. Salienta-se ainda que, nos rituais revisados do rito francês, praticados pela maioria das lojas do GOF, não se faz menção, desde então, ao G.:A.:D.:U.:; por outro lado, não se proibiu nenhuma invocação ao G.:A.:D.:U.: àquelas lojas que assim o desejassem.Pode-se entender, então, que a supressão nos rituais da menção do G.:A.:D.:U.:, ou pelo menos, tornar facultativa a sua menção, apresenta uma posição vital para os maçons do GOF, pois a liberdade de consciência se tornou absoluta para estes IIr.: chegando, mesmo, ao ponto de tornar não-obrigatório um Landmark da maçonaria universal regular.Para encerrar, citamos um trecho do discurso do Ir .: Karim-Jacques, que nos parece lapidar sobre a posição da maçonaria liberal francesa: (...) após ter afirmado bombasticamente o princípio da liberdade absoluta de consciência, houve, com efeito, a ocasião de dar à noção do G.:A.:D.:U.: um sentido renovador, que teria sido aquele de símbolo unificador da maçonaria. E é este sentido que, por minha parte eu dou, aqui e agora, a este G.:A.:D.:U.: que nós invocamos daqui por diante na abertura e fechamento de nossos trabalhos, como também durante os rituais de iniciação.Como diz um outro artigo de nossa constituição, "a maçonaria possui signos e emblemas, cuja alta significação simbólica não pode ser revelada a não ser na iniciação. Estes signos e estes emblemas presidem, sob formas determinadas, aos trabalhos dos maçons e permitem a estes, sobre toda superfície do globo, de se reconhecer e de se ajudar mutuamente". Para mim, o G.:A.:D.:U.: é um dos símbolos, e talvez o maior entre todos. A força dos símbolos, aquilo que faz seu caráter único e os diferencia totalmente dos dogmas, é que cada um pode dar-lhes a interpretação que lhe aprouver, contanto que seguramente esta interpretação em questão não seja contrária ao ensinamento global da maçonaria. O pavimento mosaico não é, não pode ser para um maçom, o símbolo do apartheid. O símbolo é, então, um fator de aproximação entre todos os irmãos, um cimento entre seus corações e sua razão. Neste sentido, o G.:A.:D.:U.: poderá ser, para meu irmão teísta que esta ao meu lado na loja, o símbolo do Deus pessoal revelado pela bíblia ou pelo Alcorão; para o meu irmão deísta, o símbolo de uma divindade adogmática e não revelada; para meu irmão ateu, o símbolo de uma sociedade melhor e do progresso às quais ele aspira; e para mim, que não sei bem qual etiqueta deveria me ser pespegada (talvez, na falta de algo melhor, de agnóstico espiritualista), o símbolo do conjunto das leis que regem o mundo, que constituem a "inteligência", inteligência que me é, muitas vezes inacessível, tendo em vista minhas capacidades limitadas, sejam elas científicas ou espirituais, de chegar a minha consciência. O Arquiteto edifica esta marcha de construção, ou seja de iniciação, e é isto que nos reúne todos sobre estas colunas, na fraternidade.

Loja Maçônica contra-argumento

William Almeida de Carvalho
Afirma-se freqüentemente que o convento de 1877, realizado pelo Grande Oriente de França (GOF), expulsou o G.:A.:D.:U.: de seus templos e, por esta razão a Grande Loja Unida da Inglaterra retirou-lhe o reconhecimento, jogando-o, ipso facto, na irregularidade.O objetivo deste artigo é arrolar os contra-argumentos do GOF, principalmente os apresentados na conferência do Ir.: Karim-Jacques em Washington, em 16 de novembro de 1996, sobre o assunto, para que se possa ter uma visão sobre os dois pontos de vista.Os Maçonólogos do GOF preceituam que o Convento de 1877 foi, na verdade, um ato refundador da maçonaria dita liberal, sem desconhecer, contudo, que tal ato se tornou a raiz de sua "irregularidade" e da ruptura entre o GOF e a maçonaria anglo-saxã. Como pano de fundo desta querela cintila a questão da relação entre Deus e a Maçonaria (Vide A Querela do G.:A.:D.:U.: de Guilherme Oak).A versão histórica dos fatos, pelo GOF, é bastante interessante. Imediatamente após sua criação em 1717, a Grande Loja Londres decidiu adotar um ato máximo regulador que veio ser conhecido como as Constituições de Anderson, pois sua redação foi confiada a uma comissão presidida pelo pastor James Anderson sendo a versão final publicada em 1723. Estas Constituições de Anderson apresentavam, como primeira parte, uma história mítica da maçonaria e, em seguida, os Deveres de um Franco-Maçom, no qual o item referente a Deus e à Religião constituiria o cerne destas Constituições. Eis o texto completo, retirado de uma edição do GOB em 1977:I - O que se refere a Deus e a Religião"O Maçom está obrigado, por vocação, a praticar a moral, e se compreender seus deveres, nunca se converterá em um estúpido ateu nem irreligioso libertino. Apesar de nos tempos antigos os maçons estarem obrigados a praticar a religião que se observava nos países em que habitavam. hoje crê-se mais conveniente não impor-lhes outra religião senão aquela que todos os homens aceitam, o dar-lhes completa liberdade com referência às suas opiniões particulares. Esta religião consiste em ser homens bons e leais, quer dizer, homens honrados e probos, seja qual fora a diferença de nome ou de convicções. Deste modo a Maçonaria se converterá em um centro de unidade, e é o meio de estabelecer relações amistosas entre pessoas que, fora dela, teriam permanecido separadas". (Constituição de Anderson, GOB, s/d, Rio de Janeiro).O que já se escreveu no mundo todo sobre este pequeno parágrafo, principalmente no que concerne à exclusão dos "ateus estúpidos" e dos "libertinos sem religião" daria para redigir vários tratados de filosofia. Obviamente que existem ateus que não sejam estúpidos e libertinos com religião, mas para os redatores das Constituições, saídos do meio protestante da Inglaterra do Século XVIII, o ateísmo constituía, na verdade, uma estupidez. Os comentadores do GOF notam que a tradição bíblica afirma que o ateísmo advém de uma limitação voluntária das faculdades da inteligência do homem: "diz o insensato no seu coração: 'Deus não existe''' (Salmos 14,1) e o pensamento Inglês do Século XVIII considerava o ateísmo como contrário ao bom uso da razão. Quanto ao libertinos, Anderson não visava, como hoje se pensa, àqueles que são desregrados nos seus costumes, na sua moral, ou seja, àqueles que não seguem as leis da religião, seja pela crença seja pela prática, em suma, os livres-pensadores. Assim, para os redatores das Constituições, a adesão do maçom à uma religião era mais que um imperativo categórico, era, enfim, uma necessidade quase biológica. Aqui se coloca um problema. De que religião se trataria? Daquela sobre a qual todos os homens estão de acordo.E esta religião, sobre a qual todos os homens estão de acordo, não deveria ser definida tendo como referência a crença em um Deus pelo qual se atribuiria todas as suas características singulares, mas sim as virtudes às quais Ele sujeitaria seus adeptos, ou seja, a bondade, a sinceridade, a modéstia e a honra.As Constituições de Anderson são, para os maçons do final do século XX, o texto fundador da maçonaria moderna antes de tudo, porque elas consagram a superação das clivagens religiosas entre os homens. Quando, durante o século XVIII, a maçonaria se espraiou sobre o continente europeu, principalmente na França, esta superação das clivagens religiosas casou-se naturalmente com as idéias defendidas pelos filósofos das Luzes. A religião, sobre a qual todos os homens estariam de acordo, era, para a maioria dos maçons franceses, idêntica à religião natural, adogmática, na qual falava Voltaire no seu Dicionário Filosófico quarenta anos após a primeira redação das Constituições: o Deus dos filósofos das Luzes, que era o grande denominador comum da natureza e do cosmo, sem que lhe fosse necessário recorrer a manifestações sobrenaturais. Estava claro que esta interpretação estava em desacordo com aquela dos maçons ingleses, pelo menos daqueles que se sucederam aos redatores das Constituições. Sobre o continente europeu, e mais uma vez, principalmente na França, a filosofia das Luzes se confrontava com um cristianismo fortemente dogmático representado pela Igreja Católica. Pelo contrário, na Inglaterra, as tradições de livre interpretação da bíblia, apanágio do protestantismo, permitiam ao Iluminismo desabrochar num clima fortemente marcado pelos ensinamentos de Cristo.Assim, para os maçons ingleses, a abertura trazida pelas Constituições de Anderson apontava a vontade de ultrapassar as clivagens entre as diversas religiões cristãs e, até mesmo, em direção às outras religiões reveladas, como o judaísmo. O islã ainda estava muito distante para entrar neste caldeirão ecumênico "avant la lettre". Esta orientação deveria por outro lado, ser formalmente confirmada quando da revisão das Constituições, efetuada em 1738, ou seja, quinze anos após a primeira edição.Contudo, nesta versão revisada, o maçom é, naquele famoso item das obrigações para com Deus e a Religião, obrigado, de agora em diante, "a observar a lei moral como um verdadeiro Noaquita". Pronto, com esta guinada do deísmo para o teísmo, introduziu-se a referência à revelação de Deus a Noé, à aliança entre o Deus criador e o homem, que engloba todas as religiões monoteístas, ou seja, estabeleceu-se a reserva de mercado das religiões reveladas e não mais "a religião sobre a qual todos os homens estão de acordo". Aqui, é necessário fazer uma distinção entre edoísmo e teísmo. Segundo Alberton "teísmo é a doutrina de escola filosófica que admite a existência de Deus pessoal, primeiro princípio e fim último de tudo o que existe; deísmo é um sistema filosófico-religioso ou espécie de religião natural.Não nega a existência de Deus. Entretanto, Deus só pode ser alcançado por argumentos puramente racionais. Não há, pois, revelação e o Cristianismo se torna desnecessário. Intervenção de Deus no mundo também é, pois, desnecessária, negando, por conseguinte, sua providência.Por isto também repugna-lhe o milagre, bem como toda intervenção sobrenatural: a Revelação e a Graça ou auxílio de Deus" (O Conceito de Deus na Maçonaria, ed.Aurora, RJ, 1981, pg.79).Convém salientar que Anderson tenta amenizar a derrapagem teísta, pois, em maçonaria a primeira aliança com Deus é a de Noé, e não somente aquela de Abraão, que conviria mais aos Judeus e aos maometanos, ou ainda a de Moisés, que convém mais aos Judeus e aos Cristãos, ou aquela de Cristo que concerne obviamente aos cristãos. O Anderson de 1738 tenta demonstrar, assim, que os filhos de Noé também contrataram com Deus a mesma aliança que seu pai; estão na origem das religiões posteriores. Deste modo, o Noaquismo andersoniano tenta ser, não uma filosofia, mas acima de tudo um princípio. Ainda que a palavra seja imprópia, ela significa virtualmente, mas em definitivo, que todos os homens se reconhecem nesta primeira aliança, ainda que eles admitam ou não as alianças posteriores; todos, de maneira universal, poderiam ser maçons.Este, contudo, não é o ponto de vista da concepção da maçonaria liberal francesa, que se mantém fiel ao marco deísta das Constituições de 1723. Para ela, a Constituição teísta de 1738 conspurcou aquela original de 1723, e a ruptura entre a maçonaria anglo-saxã já estaria, senão virtualmente consumada, pelo menos programada neste momento. A criação do GOF e a cisão de 1877 quase 150 anos depois, seriam meras decorrências daquela traição de 1738.O Grande Oriente de França, criado a partir de 1773, sempre apresentou uma posição deísta e tolerante em relação a Deus e à Religião. A própria iniciação de Voltaire na Loja das Noves Irmãs em 1778 representou a adesão da elite da maçonaria francesa à uma concepção de uma religião natural de característica deísta, ou seja, a concepção original das Constituições de 1723. O exame dos rituais do rito francês da época, por exemplo aqueles de 1786, não faziam menção seja a Deus, seja ao G.:A.:D.:U.:, mas era diante do G.:A.:D.:U.: que o iniciando prestava seu juramento , terminando com a invocação: "Que o G.:A.:D.:U.: me ajude". Todas a pranchas e os diplomas, emitidos pelo GOF apresentavam no seu cabeçalho o seguinte título: A.:L.:G.:D.:A.:D.:L.:U.: (À La Gloire Du Architecte De L'Univers - À Glória do Arquiteto do Universo).Nos primeiros decênios de século XIX, o carácter majoritariamente deísta da maçonaria do GOF não foi colocado em causa, seja na época da saída dos eclesiásticos das lojas, quando da assinatura da Concordata Napoleônica de 1801, seja durante as condenações repetidas pela Igreja Católica em 1821, 1825, 1829, 1832 e 1846. Durante a Revolução de 1848, as idéias românticas e rousseaunianas triunfaram na sociedade civil, na política e nas lojas.Recebendo uma delegação do GOF, o Ir.: Adolphe Crémieux, membro do Governo e maçom do R.:E.:A.:A.: declarou: "O G.:A.:D.:U.: deu o sol ao mundo, a liberdade para o sustentar. O G.:A.:D.:U.: quer que todos os homens sejam livres, ele nos deu a terra para ser fertilizada, e é a liberdade que a fertiliza. A maçonaria não tem, é verdade, por objeto e política, mas a alta política; a política da humanidade sempre tem encontrado acolhida no seio das lojas maçônicas. Lá, em todos os tempos, em todas as circunstâncias, sob a opressão do pensamento como sob a tirania do poder, a maçonaria repetiu incessantemente as palavras sublimes: Liberdade, Igualdade e Fraternidade. (...) Seja Dito! A República fará aquilo que faz a maçonaria. Ela se tornará um contrato radiante de união dos povos sobre todos os pontos do globo, sobre todos os lados de nosso triângulo, e o G.:A.:D.:U.:, do alto do céu, subscreverá este nobre pensamento da República, que se espalhando por todas as partes, reunirá num mesmo sentimento, todos os cidadãos da terra".É, também, neste contexto que, em 1848, uma comissão do GOF examina um relatório intitulado "Como restituir à Maçonaria o caráter religioso que lhe é próprio?" e o Convento de 1849 do GOF adota a primeira Constituição da Obediência que, até aquela época, possuía somente regulamentos gerais. O artigo primeiro desta Constituição rezava o seguinte: "A Maçonaria, instituição essencialmente filantrópica, filosófica e progressista, tem por base a existência de Deus e a imortalidade da alma; ela tem por objeto o exercício da beneficência, o estudo da moral universal, das ciências e das artes, e a prática de todas as virtudes. Sua divisa tem a sido de todos os tempos: Liberdade, Igualdade e Fraternidade".Esta profissão de fé estava indo bem além do deísmo, um pouco frouxo, que reinava na maioria das lojas, não sendo, entretanto, adotadas, sem dimensões internas, no seio do GOF. Em janeiro de 1847, Proudhon, que tinha sido iniciado numa loja de Besançon, ralatava: "Como todo neófito, antes de receber a luz, eu deveria responder às três perguntas de praxe: Qual o dever do homem em relação ao seu semelhante? Qual o seu dever em relação ao seu país? Qual o dever do homem em relação a Deus? Sobre as duas primeiras perguntas, a minha resposta foi tal qual se podia esperar. Sobre a terceira, contudo, eu respondi por esta palavra: a Guerra". Resposta, entretanto, que não o impediu de ser iniciado...As dissensões sobre a crença em Deus e a imortalidade da alma se acentuaram na medida que progrediam, às vezes, o anticlericalismo, alimentado pelas novas condenações papais de Pio IX à maçonaria, em 1864 e 1865, bem como também pelas idéias da filosofia positiva de Auguste Comte. Vamos ver agora como esta transição foi se processando progressivamente. No Convento de 1861, o conflito tinha sido muito forte entre o Grão-Mestre que saía - o príncipe Lucien Murat -, que desejava impor uma maçonaria do tipo anglo-saxão, e a maioria dos irmãos convertidos ao positivismo científico. Um compromisso foi, então, estabelecido no Convento de 1865, chegando-se a uma revisão do artigo primeiro da Constituição que, desde então ficou assim redigido: "A Maçonaria, instituição essencialmente filantrópica, filosófica e progressista, tem por objeto a pesquisa da verdade, o estudo da moral universal, das ciências e das artes e o exercício da beneficência.Ela tem por princípios a existência de Deus, a imortalidade da alma e a solidariedade humana. Ela contempla a liberdade de consciência como um direito próprio a cada homem e não exclui ninguém pelas suas crenças. Ela tem por divisa: Liberdade, Igualdade e Fraternidade".Este compromisso mostrava-se extremamente capenga. As disposições do artigo primeiro estavam contraditórias.A afirmação do princípio da existência de Deus e da imortalidade da alma não eram compatíveis, dentro da boa lógica, com aquele de liberdade de consciência. Nota-se que o compromisso estava se esgotando e não deveria, ipso facto, durar muito. Chega-se, finalmente ao ponto de ebulição: o Convento de 1877, que passou a ser o marco de rompimento da maçonaria francesa com a anglo-saxã. O Ir.: Fréderic Demons, um pastor protestante de Gard, que era, então, delegado da loja O Progresso ao Oriente de Saint-Geniès e que foi, posteriormente, Grão-Mestre do GOF, foi designado como relator do voto tendendo à supressão da referência, na Constituição, do princípio da existência de Deus e da imortalidade da alma. Segundo historiadores do GOF, ele pronunciou um dos mais belos discursos da história da maçonaria que deve ser citado para melhor se entender este ponto de ruptura. Após ter afirmado: "Quem não sabe (...) que ninguém entre nós, ao propor esta supressão, não se está fazendo profissão de ateísmo ou materialismo?" e prosseguia concluído: "Nós demandados a supressão desta fórmula porque ela é embaraçante para muitos profanos que, animados do sincero desejo de fazer de nossa grande e bela instituição que nós lhes incutimos, a bem dizer, como uma instituição lata e progressista, se vêem de repente detidos por esta barreira dogmática que sua consciência não lhes permite transpor. Nós demandamos a supressão desta fórmula por que ela nos parece, sobremaneira, inútil e estranha à finalidade da maçonaria (...) Seu campo não é bastante vasto, seu domínio tão extenso para que não seja necessário colocar o pé sobre um terreno que não é seu? Não. Deixemos aos teólogos o cuidado de discutir os dogmas. Deixemos às Igrejas autoritárias o cuidado de formar seus sílabos. Mas, que a maçonaria permaneça aquilo que ela deve ser, ou seja, uma instituição aberta a todo o progresso, a todas as idéias morais e elevadas, a todas as aspirações amplas e liberais.Que ela não desça jamais à arena ardente das discussões teológicas que só tem levado - creiam-me naquilo que vos falo - às discórdias e às perseguições. Que ela se resguarde de querer ser uma Igreja, um Concílio, um Sínodo, porque todas as Igrejas, todos os Concílios, todos os Sínodos tem sido violentos e perseguidores, e isto por ter sempre tomando por base o dogma que, pela sua natureza, é essencialmente inquisidor e intolerante. Que a maçonaria plane, então, majestaticamente sobre todas as questões de Igrejas ou de seitas, que ela domine, do alto da sua grandeza, todas aquelas discussões, que ela se torne o vasto abrigo sempre aberto a todos os pesquisadores conscienciosos e desinteressados da verdade, a todas as vítimas, enfim, do despotismo e da intolerância".Após discussões acaloradas, o Convento adotou, então, a seguinte redação para aquele famoso artigo primeiro da Constituição do GOF: "A maçonaria, instituição essencialmente filantrópica, filosófica e progressista, tem por objeto a busca da verdade, o estudo da moral universal, das ciências e das partes e o exercício da beneficência. Ela tem por princípio a liberdade absoluta de consciência e a solidariedade humana. Ela não exclui ninguém por suas crenças. Ela tem por divisa: Liberdade, Igualdade e Fraternidade". Esta redação perdurou, sem muitas modificações, até os dias atuais. Segundo os analistas do GOF, o que o Convento de 1877 proclamou foi uma volta à orientação dada pelas primeiras Constituições de Anderson de 1723. Voltou a consagrar a maçonaria como sendo um verdadeiro Centro de União, refundando assim, pelo prisma dos historiadores do GOF, a maçonaria liberal, ou seja a maçonaria da liberdade absoluta de consciência. O Convento, após a modificação do artigo primeiro, convocou o Conselho da Ordem a estudar a questão relativa à revisão dos rituais. As informações sobre a data desta revisão são um tanto quanto contraditórias. Algumas fontes mencionam a publicação dos novos rituais dois anos após a celebração do Convento; outras indicam que os novos rituais só entram em vigor em 1887, dez anos após o Convento. Salienta-se ainda que, nos rituais revisados do rito francês, praticados pela maioria das lojas do GOF, não se faz menção, desde então, ao G.:A.:D.:U.:; por outro lado, não se proibiu nenhuma invocação ao G.:A.:D.:U.: àquelas lojas que assim o desejassem.Pode-se entender, então, que a supressão nos rituais da menção do G.:A.:D.:U.:, ou pelo menos, tornar facultativa a sua menção, apresenta uma posição vital para os maçons do GOF, pois a liberdade de consciência se tornou absoluta para estes IIr.: chegando, mesmo, ao ponto de tornar não-obrigatório um Landmark da maçonaria universal regular.Para encerrar, citamos um trecho do discurso do Ir .: Karim-Jacques, que nos parece lapidar sobre a posição da maçonaria liberal francesa: (...) após ter afirmado bombasticamente o princípio da liberdade absoluta de consciência, houve, com efeito, a ocasião de dar à noção do G.:A.:D.:U.: um sentido renovador, que teria sido aquele de símbolo unificador da maçonaria. E é este sentido que, por minha parte eu dou, aqui e agora, a este G.:A.:D.:U.: que nós invocamos daqui por diante na abertura e fechamento de nossos trabalhos, como também durante os rituais de iniciação.Como diz um outro artigo de nossa constituição, "a maçonaria possui signos e emblemas, cuja alta significação simbólica não pode ser revelada a não ser na iniciação. Estes signos e estes emblemas presidem, sob formas determinadas, aos trabalhos dos maçons e permitem a estes, sobre toda superfície do globo, de se reconhecer e de se ajudar mutuamente". Para mim, o G.:A.:D.:U.: é um dos símbolos, e talvez o maior entre todos. A força dos símbolos, aquilo que faz seu caráter único e os diferencia totalmente dos dogmas, é que cada um pode dar-lhes a interpretação que lhe aprouver, contanto que seguramente esta interpretação em questão não seja contrária ao ensinamento global da maçonaria. O pavimento mosaico não é, não pode ser para um maçom, o símbolo do apartheid. O símbolo é, então, um fator de aproximação entre todos os irmãos, um cimento entre seus corações e sua razão. Neste sentido, o G.:A.:D.:U.: poderá ser, para meu irmão teísta que esta ao meu lado na loja, o símbolo do Deus pessoal revelado pela bíblia ou pelo Alcorão; para o meu irmão deísta, o símbolo de uma divindade adogmática e não revelada; para meu irmão ateu, o símbolo de uma sociedade melhor e do progresso às quais ele aspira; e para mim, que não sei bem qual etiqueta deveria me ser pespegada (talvez, na falta de algo melhor, de agnóstico espiritualista), o símbolo do conjunto das leis que regem o mundo, que constituem a "inteligência", inteligência que me é, muitas vezes inacessível, tendo em vista minhas capacidades limitadas, sejam elas científicas ou espirituais, de chegar a minha consciência. O Arquiteto edifica esta marcha de construção, ou seja de iniciação, e é isto que nos reúne todos sobre estas colunas, na fraternidade.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

A BÍBLIA NA MAÇONARIA E SALMO 133

A Bíblia é uma das três Luzes emblemáticas na Maçonaria, postadas sobre o Altar dos Juramentos, seguida do Compasso e do Esquadro. O Compasso e Esquadro têm seus significados muito bem definidos nas instruções dos nossos Rituais Maçônicos e são importantes na posição do sublime Altar que ocupam.
Todas essas Luzes são importantes, mais a temática do texto, pede destacar o LIVRO DA LEI, eis, que ali está a Bíblia Sagrada, usada em muitas religiões e seitas no mundo. O LIVRO DA LEI como é chamado na Arte Real, é parte indispensável entre os utensílios de uma Loja Maçônica, conforme determina o artigo XXI do Landmark, embora ele não exija que seja necessariamente a Bíblia. Isto faz com que a escolha varie entre Potências Maçônicas, de País para País, dependendo da profissão de fé da maioria dos obreiros de uma Loja, podendo por tanto ser escolhido outro Livro Sagrado, tal como, o Alcorão, o Torah, o Vedas, Talmud, etc. Essa liberdade de escolha é um testemunho da imparcialidade religiosa da Maçonaria.
O Ato da abertura do LIVRO DA LEI não acontece por acaso. Esta cerimônia, além de marcar oficialmente o início dos trabalhos da Oficina, investe-se ainda de transcendental importância, uma vez que simboliza a presença do Grande Arquiteto do Universo, significando que a partir daí, a Loja sai das trevas e recebe a influência do Poder Iluminativo Divino.
No Brasil, como a maioria das pessoas, praticam a Religião Cristã e a Maçonaria brasileira adotou o uso da Bíblia Sagrada como Código da Moral, da Ética e da Fé. Assim nos diferentes Graus, são feitas reflexões à luz dos seus versículos, embora eles se deixem variar, pois os usos e costumes maçônicos nem sempre são constantes e universais.
A Bíblia é o livro mais preferido do mundo e por isso já em 1.685 idiomas. Ela não se resume apenas em um livro, mas num conjunto de escritos que formam o Antigo e Novo Testamento.
Nossos exemplares ritualísticos do REAA, determinam, em sua página 62, a leitura do SALMO 133, no Grau de Aprendiz Maçom. "Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos! É como o óleo precioso sobre a cabeça, o qual desce para a barba, a barba de Arão, e desce para a gola de suas vestes. É como o orvalho do Hermom, que desce sobre os montes de Sião. Ali, ordena o SENHOR a sua bênção e a vida para sempre."(Salmos 133:1-3 RA)
Este Salmo foi escrito pelo rei David e foi denominado como o Salmo da União e da concórdia fraterna. Ele vem do Saltério Judaico. Essa coletânea de poemas líricos era cantado pelos adoradores durante seus ofícios divinos, quando na comemoração das suas mais importantes festas como: a Festa dos Tabernáculos e dos Pentecostes.
O hinário constante do Saltério Judaico era desprovido de rima e composto de 150 salmos, divididos em cinco livros, sendo que os mais importantes abrangem os Salmos 120 a 134, denominados Salmos de Romagem ou de peregrinação, onde o encontra-se aí o SALMO 133.
Tenta-se de aqui proceder, uma análise deste Salmo, procurando destacar os principais pontos de seu contexto literário.
Logo no seu início verifica-se a importância da união entre os povos. Este ensinamento induz ao Maçom a cultivar o mérito do bem viver, já que a união e a fraternidade são as maiores tradições maçônicas que chegaram até nós.
Em seguida ver-se a citação sobre “ o óleo precioso derramado sobre a cabeça de Aarão”. Ali é feita uma referência à cerimônia de consagração do ofício sacerdotal. Este óleo, a época, era um precioso ungüento de nardo genuíno , de odor agradável, cujo aroma exalava um delicioso perfume, no momento da Santa Unção, quando então o sumo sacerdote inclina sua cabeça deixando que o azeite sagrado escorra sobre sua barba, indo até à barra de sua vestimenta talar.
Nessa parte do texto, o salmista quis fazer uma comparação, ao orvalho existente na cadeia de montes localizados parcialmente em Israel, nos limites entre a Palestina, a Síria e o Líbano. Ali é avistado o Monte de Hermon (Sagrado, em hebraico, e, muitas citações bíblicas, Sl-89, Jz 3.3 a Mt 17.1), que possui 2.760 metros de altitude, cujo cume é cercado por neves eternas, que com a ajuda dos fortes ventos que sopram naquela região, ocasiona a precipitação de um refrescante orvalho que umedece àquelas terras ressequidas do deserto, atingindo os Montes de Sião, muito embora este esteja localizado a 150 quilômetros de distância.
O mais alto cume dos montes de Sião possui 700 metros de altitude e é lá as nascentes do Rio Jordão. Sião era uma cidade próxima a Jerusalém. Em 1058 a.C., ela foi tomada por David, que ali introduzir a Arca da Aliança e preparou o material e o plano para a construção do Templo Sagrado, que somente mais tarde foi executado por seu filho, o rei Salomão.
Apesar da Maçonaria não ser uma religião, seu sistema doutrinário é propício a condução do homem as sua origens divinas, através do culto ao Grande Arquiteto do Universo e o cultivo à espiritualidade. Compete levar a sério tais ensinamentos e continuar trabalhando pelo aperfeiçoamento das criaturas humanas, estendo a todos o espírito de união fraterna, como verdadeiro partícipe de Deus, para merecer que o GADU faça a parte que toca e, der-nos sua bençõa e a vida para sempre.
Texto do Ir:. Manoel de Souza Carmo – ARLS Deus e Crateús nº 20, baseado na Bibliografia acima, postado Blog: ms-carmo.gmail.com


Bibliografia: Símbolos Maçônicos e Suas Origens – Assis Carvalho – Editora Maçônica “Trolha” Ltda, Edição 1990; Pequena Enciclopédia Bíblica - ORLANDO BOYER; Informativo da ARLS Cláudio Neves, do Oriente de Minas Gerais; Wikipédia – Monte Hermon;


A Bíblia é uma das três Luzes emblemáticas na Maçonaria, postadas sobre o Altar dos Juramentos, seguida do Compasso e do Esquadro. O Compasso e Esquadro têm seus significados muito bem definidos nas instruções dos nossos Rituais Maçônicos e são importantes na posição do sublime Altar que ocupam.
Todas essas Luzes são importantes, mais a temática do texto, pede destacar o LIVRO DA LEI, eis, que ali está a Bíblia Sagrada, usada em muitas religiões e seitas no mundo. O LIVRO DA LEI como é chamado na Arte Real, é parte indispensável entre os utensílios de uma Loja Maçônica, conforme determina o artigo XXI do Landmark, embora ele não exija que seja necessariamente a Bíblia. Isto faz com que a escolha varie entre Potências Maçônicas, de País para País, dependendo da profissão de fé da maioria dos obreiros de uma Loja, podendo por tanto ser escolhido outro Livro Sagrado, tal como, o Alcorão, o Torah, o Vedas, Talmud, etc. Essa liberdade de escolha é um testemunho da imparcialidade religiosa da Maçonaria.
O Ato da abertura do LIVRO DA LEI não acontece por acaso. Esta cerimônia, além de marcar oficialmente o início dos trabalhos da Oficina, investe-se ainda de transcendental importância, uma vez que simboliza a presença do Grande Arquiteto do Universo, significando que a partir daí, a Loja sai das trevas e recebe a influência do Poder Iluminativo Divino.
No Brasil, como a maioria das pessoas, praticam a Religião Cristã e a Maçonaria brasileira adotou o uso da Bíblia Sagrada como Código da Moral, da Ética e da Fé. Assim nos diferentes Graus, são feitas reflexões à luz dos seus versículos, embora eles se deixem variar, pois os usos e costumes maçônicos nem sempre são constantes e universais.
A Bíblia é o livro mais preferido do mundo e por isso já em 1.685 idiomas. Ela não se resume apenas em um livro, mas num conjunto de escritos que formam o Antigo e Novo Testamento.
Nossos exemplares ritualísticos do REAA, determinam, em sua página 62, a leitura do SALMO 133, no Grau de Aprendiz Maçom. "Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos! É como o óleo precioso sobre a cabeça, o qual desce para a barba, a barba de Arão, e desce para a gola de suas vestes. É como o orvalho do Hermom, que desce sobre os montes de Sião. Ali, ordena o SENHOR a sua bênção e a vida para sempre."(Salmos 133:1-3 RA)
Este Salmo foi escrito pelo rei David e foi denominado como o Salmo da União e da concórdia fraterna. Ele vem do Saltério Judaico. Essa coletânea de poemas líricos era cantado pelos adoradores durante seus ofícios divinos, quando na comemoração das suas mais importantes festas como: a Festa dos Tabernáculos e dos Pentecostes.
O hinário constante do Saltério Judaico era desprovido de rima e composto de 150 salmos, divididos em cinco livros, sendo que os mais importantes abrangem os Salmos 120 a 134, denominados Salmos de Romagem ou de peregrinação, onde o encontra-se aí o SALMO 133.
Tenta-se de aqui proceder, uma análise deste Salmo, procurando destacar os principais pontos de seu contexto literário.
Logo no seu início verifica-se a importância da união entre os povos. Este ensinamento induz ao Maçom a cultivar o mérito do bem viver, já que a união e a fraternidade são as maiores tradições maçônicas que chegaram até nós.
Em seguida ver-se a citação sobre “ o óleo precioso derramado sobre a cabeça de Aarão”. Ali é feita uma referência à cerimônia de consagração do ofício sacerdotal. Este óleo, a época, era um precioso ungüento de nardo genuíno , de odor agradável, cujo aroma exalava um delicioso perfume, no momento da Santa Unção, quando então o sumo sacerdote inclina sua cabeça deixando que o azeite sagrado escorra sobre sua barba, indo até à barra de sua vestimenta talar.
Nessa parte do texto, o salmista quis fazer uma comparação, ao orvalho existente na cadeia de montes localizados parcialmente em Israel, nos limites entre a Palestina, a Síria e o Líbano. Ali é avistado o Monte de Hermon (Sagrado, em hebraico, e, muitas citações bíblicas, Sl-89, Jz 3.3 a Mt 17.1), que possui 2.760 metros de altitude, cujo cume é cercado por neves eternas, que com a ajuda dos fortes ventos que sopram naquela região, ocasiona a precipitação de um refrescante orvalho que umedece àquelas terras ressequidas do deserto, atingindo os Montes de Sião, muito embora este esteja localizado a 150 quilômetros de distância.
O mais alto cume dos montes de Sião possui 700 metros de altitude e é lá as nascentes do Rio Jordão. Sião era uma cidade próxima a Jerusalém. Em 1058 a.C., ela foi tomada por David, que ali introduzir a Arca da Aliança e preparou o material e o plano para a construção do Templo Sagrado, que somente mais tarde foi executado por seu filho, o rei Salomão.
Apesar da Maçonaria não ser uma religião, seu sistema doutrinário é propício a condução do homem as sua origens divinas, através do culto ao Grande Arquiteto do Universo e o cultivo à espiritualidade. Compete levar a sério tais ensinamentos e continuar trabalhando pelo aperfeiçoamento das criaturas humanas, estendo a todos o espírito de união fraterna, como verdadeiro partícipe de Deus, para merecer que o GADU faça a parte que toca e, der-nos sua bençõa e a vida para sempre.
Texto do Ir:. Manoel de Souza Carmo – ARLS Deus e Crateús nº 20, baseado na Bibliografia acima, postado Blog: ms-carmo.gmail.com


Bibliografia: Símbolos Maçônicos e Suas Origens – Assis Carvalho – Editora Maçônica “Trolha” Ltda, Edição 1990; Pequena Enciclopédia Bíblica - ORLANDO BOYER; Informativo da ARLS Cláudio Neves, do Oriente de Minas Gerais; Wikipédia – Monte Hermon;



A Bíblia é uma das três Luzes emblemáticas na Maçonaria, postadas sobre o Altar dos Juramentos, seguida do Compasso e do Esquadro. O Compasso e Esquadro têm seus significados muito bem definidos nas instruções dos nossos Rituais Maçônicos e são importantes na posição do sublime Altar que ocupam.
Todas essas Luzes são importantes, mais a temática do texto, pede destacar o LIVRO DA LEI, eis, que ali está a Bíblia Sagrada, usada em muitas religiões e seitas no mundo. O LIVRO DA LEI como é chamado na Arte Real, é parte indispensável entre os utensílios de uma Loja Maçônica, conforme determina o artigo XXI do Landmark, embora ele não exija que seja necessariamente a Bíblia. Isto faz com que a escolha varie entre Potências Maçônicas, de País para País, dependendo da profissão de fé da maioria dos obreiros de uma Loja, podendo por tanto ser escolhido outro Livro Sagrado, tal como, o Alcorão, o Torah, o Vedas, Talmud, etc. Essa liberdade de escolha é um testemunho da imparcialidade religiosa da Maçonaria.
O Ato da abertura do LIVRO DA LEI não acontece por acaso. Esta cerimônia, além de marcar oficialmente o início dos trabalhos da Oficina, investe-se ainda de transcendental importância, uma vez que simboliza a presença do Grande Arquiteto do Universo, significando que a partir daí, a Loja sai das trevas e recebe a influência do Poder Iluminativo Divino.
No Brasil, como a maioria das pessoas, praticam a Religião Cristã e a Maçonaria brasileira adotou o uso da Bíblia Sagrada como Código da Moral, da Ética e da Fé. Assim nos diferentes Graus, são feitas reflexões à luz dos seus versículos, embora eles se deixem variar, pois os usos e costumes maçônicos nem sempre são constantes e universais.
A Bíblia é o livro mais preferido do mundo e por isso já em 1.685 idiomas. Ela não se resume apenas em um livro, mas num conjunto de escritos que formam o Antigo e Novo Testamento.
Nossos exemplares ritualísticos do REAA, determinam, em sua página 62, a leitura do SALMO 133, no Grau de Aprendiz Maçom. "Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos! É como o óleo precioso sobre a cabeça, o qual desce para a barba, a barba de Arão, e desce para a gola de suas vestes. É como o orvalho do Hermom, que desce sobre os montes de Sião. Ali, ordena o SENHOR a sua bênção e a vida para sempre."(Salmos 133:1-3 RA)
Este Salmo foi escrito pelo rei David e foi denominado como o Salmo da União e da concórdia fraterna. Ele vem do Saltério Judaico. Essa coletânea de poemas líricos era cantado pelos adoradores durante seus ofícios divinos, quando na comemoração das suas mais importantes festas como: a Festa dos Tabernáculos e dos Pentecostes.
O hinário constante do Saltério Judaico era desprovido de rima e composto de 150 salmos, divididos em cinco livros, sendo que os mais importantes abrangem os Salmos 120 a 134, denominados Salmos de Romagem ou de peregrinação, onde o encontra-se aí o SALMO 133.
Tenta-se de aqui proceder, uma análise deste Salmo, procurando destacar os principais pontos de seu contexto literário.
Logo no seu início verifica-se a importância da união entre os povos. Este ensinamento induz ao Maçom a cultivar o mérito do bem viver, já que a união e a fraternidade são as maiores tradições maçônicas que chegaram até nós.
Em seguida ver-se a citação sobre “ o óleo precioso derramado sobre a cabeça de Aarão”. Ali é feita uma referência à cerimônia de consagração do ofício sacerdotal. Este óleo, a época, era um precioso ungüento de nardo genuíno , de odor agradável, cujo aroma exalava um delicioso perfume, no momento da Santa Unção, quando então o sumo sacerdote inclina sua cabeça deixando que o azeite sagrado escorra sobre sua barba, indo até à barra de sua vestimenta talar.
Nessa parte do texto, o salmista quis fazer uma comparação, ao orvalho existente na cadeia de montes localizados parcialmente em Israel, nos limites entre a Palestina, a Síria e o Líbano. Ali é avistado o Monte de Hermon (Sagrado, em hebraico, e, muitas citações bíblicas, Sl-89, Jz 3.3 a Mt 17.1), que possui 2.760 metros de altitude, cujo cume é cercado por neves eternas, que com a ajuda dos fortes ventos que sopram naquela região, ocasiona a precipitação de um refrescante orvalho que umedece àquelas terras ressequidas do deserto, atingindo os Montes de Sião, muito embora este esteja localizado a 150 quilômetros de distância.
O mais alto cume dos montes de Sião possui 700 metros de altitude e é lá as nascentes do Rio Jordão. Sião era uma cidade próxima a Jerusalém. Em 1058 a.C., ela foi tomada por David, que ali introduzir a Arca da Aliança e preparou o material e o plano para a construção do Templo Sagrado, que somente mais tarde foi executado por seu filho, o rei Salomão.
Apesar da Maçonaria não ser uma religião, seu sistema doutrinário é propício a condução do homem as sua origens divinas, através do culto ao Grande Arquiteto do Universo e o cultivo à espiritualidade. Compete levar a sério tais ensinamentos e continuar trabalhando pelo aperfeiçoamento das criaturas humanas, estendo a todos o espírito de união fraterna, como verdadeiro partícipe de Deus, para merecer que o GADU faça a parte que toca e, der-nos sua bençõa e a vida para sempre.
Texto do Ir:. Manoel de Souza Carmo – ARLS Deus e Crateús nº 20, baseado na Bibliografia acima, postado Blog: ms-carmo.gmail.com


Bibliografia: Símbolos Maçônicos e Suas Origens – Assis Carvalho – Editora Maçônica “Trolha” Ltda, Edição 1990; Pequena Enciclopédia Bíblica - ORLANDO BOYER; Informativo da ARLS Cláudio Neves, do Oriente de Minas Gerais; Wikipédia – Monte Hermon;



A Bíblia é uma das três Luzes emblemáticas na Maçonaria, postadas sobre o Altar dos Juramentos, seguida do Compasso e do Esquadro. O Compasso e Esquadro têm seus significados muito bem definidos nas instruções dos nossos Rituais Maçônicos e são importantes na posição do sublime Altar que ocupam.
Todas essas Luzes são importantes, mais a temática do texto, pede destacar o LIVRO DA LEI, eis, que ali está a Bíblia Sagrada, usada em muitas religiões e seitas no mundo. O LIVRO DA LEI como é chamado na Arte Real, é parte indispensável entre os utensílios de uma Loja Maçônica, conforme determina o artigo XXI do Landmark, embora ele não exija que seja necessariamente a Bíblia. Isto faz com que a escolha varie entre Potências Maçônicas, de País para País, dependendo da profissão de fé da maioria dos obreiros de uma Loja, podendo por tanto ser escolhido outro Livro Sagrado, tal como, o Alcorão, o Torah, o Vedas, Talmud, etc. Essa liberdade de escolha é um testemunho da imparcialidade religiosa da Maçonaria.
O Ato da abertura do LIVRO DA LEI não acontece por acaso. Esta cerimônia, além de marcar oficialmente o início dos trabalhos da Oficina, investe-se ainda de transcendental importância, uma vez que simboliza a presença do Grande Arquiteto do Universo, significando que a partir daí, a Loja sai das trevas e recebe a influência do Poder Iluminativo Divino.
No Brasil, como a maioria das pessoas, praticam a Religião Cristã e a Maçonaria brasileira adotou o uso da Bíblia Sagrada como Código da Moral, da Ética e da Fé. Assim nos diferentes Graus, são feitas reflexões à luz dos seus versículos, embora eles se deixem variar, pois os usos e costumes maçônicos nem sempre são constantes e universais.
A Bíblia é o livro mais preferido do mundo e por isso já em 1.685 idiomas. Ela não se resume apenas em um livro, mas num conjunto de escritos que formam o Antigo e Novo Testamento.
Nossos exemplares ritualísticos do REAA, determinam, em sua página 62, a leitura do SALMO 133, no Grau de Aprendiz Maçom. "Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos! É como o óleo precioso sobre a cabeça, o qual desce para a barba, a barba de Arão, e desce para a gola de suas vestes. É como o orvalho do Hermom, que desce sobre os montes de Sião. Ali, ordena o SENHOR a sua bênção e a vida para sempre."(Salmos 133:1-3 RA)
Este Salmo foi escrito pelo rei David e foi denominado como o Salmo da União e da concórdia fraterna. Ele vem do Saltério Judaico. Essa coletânea de poemas líricos era cantado pelos adoradores durante seus ofícios divinos, quando na comemoração das suas mais importantes festas como: a Festa dos Tabernáculos e dos Pentecostes.
O hinário constante do Saltério Judaico era desprovido de rima e composto de 150 salmos, divididos em cinco livros, sendo que os mais importantes abrangem os Salmos 120 a 134, denominados Salmos de Romagem ou de peregrinação, onde o encontra-se aí o SALMO 133.
Tenta-se de aqui proceder, uma análise deste Salmo, procurando destacar os principais pontos de seu contexto literário.
Logo no seu início verifica-se a importância da união entre os povos. Este ensinamento induz ao Maçom a cultivar o mérito do bem viver, já que a união e a fraternidade são as maiores tradições maçônicas que chegaram até nós.
Em seguida ver-se a citação sobre “ o óleo precioso derramado sobre a cabeça de Aarão”. Ali é feita uma referência à cerimônia de consagração do ofício sacerdotal. Este óleo, a época, era um precioso ungüento de nardo genuíno , de odor agradável, cujo aroma exalava um delicioso perfume, no momento da Santa Unção, quando então o sumo sacerdote inclina sua cabeça deixando que o azeite sagrado escorra sobre sua barba, indo até à barra de sua vestimenta talar.
Nessa parte do texto, o salmista quis fazer uma comparação, ao orvalho existente na cadeia de montes localizados parcialmente em Israel, nos limites entre a Palestina, a Síria e o Líbano. Ali é avistado o Monte de Hermon (Sagrado, em hebraico, e, muitas citações bíblicas, Sl-89, Jz 3.3 a Mt 17.1), que possui 2.760 metros de altitude, cujo cume é cercado por neves eternas, que com a ajuda dos fortes ventos que sopram naquela região, ocasiona a precipitação de um refrescante orvalho que umedece àquelas terras ressequidas do deserto, atingindo os Montes de Sião, muito embora este esteja localizado a 150 quilômetros de distância.
O mais alto cume dos montes de Sião possui 700 metros de altitude e é lá as nascentes do Rio Jordão. Sião era uma cidade próxima a Jerusalém. Em 1058 a.C., ela foi tomada por David, que ali introduzir a Arca da Aliança e preparou o material e o plano para a construção do Templo Sagrado, que somente mais tarde foi executado por seu filho, o rei Salomão.
Apesar da Maçonaria não ser uma religião, seu sistema doutrinário é propício a condução do homem as sua origens divinas, através do culto ao Grande Arquiteto do Universo e o cultivo à espiritualidade. Compete levar a sério tais ensinamentos e continuar trabalhando pelo aperfeiçoamento das criaturas humanas, estendo a todos o espírito de união fraterna, como verdadeiro partícipe de Deus, para merecer que o GADU faça a parte que toca e, der-nos sua bençõa e a vida para sempre.
Texto do Ir:. Manoel de Souza Carmo – ARLS Deus e Crateús nº 20, baseado na Bibliografia acima, postado Blog: ms-carmo.gmail.com


Bibliografia: Símbolos Maçônicos e Suas Origens – Assis Carvalho – Editora Maçônica “Trolha” Ltda, Edição 1990; Pequena Enciclopédia Bíblica - ORLANDO BOYER; Informativo da ARLS Cláudio Neves, do Oriente de Minas Gerais; Wikipédia – Monte Hermon;



A Bíblia é uma das três Luzes emblemáticas na Maçonaria, postadas sobre o Altar dos Juramentos, seguida do Compasso e do Esquadro. O Compasso e Esquadro têm seus significados muito bem definidos nas instruções dos nossos Rituais Maçônicos e são importantes na posição do sublime Altar que ocupam.
Todas essas Luzes são importantes, mais a temática do texto, pede destacar o LIVRO DA LEI, eis, que ali está a Bíblia Sagrada, usada em muitas religiões e seitas no mundo. O LIVRO DA LEI como é chamado na Arte Real, é parte indispensável entre os utensílios de uma Loja Maçônica, conforme determina o artigo XXI do Landmark, embora ele não exija que seja necessariamente a Bíblia. Isto faz com que a escolha varie entre Potências Maçônicas, de País para País, dependendo da profissão de fé da maioria dos obreiros de uma Loja, podendo por tanto ser escolhido outro Livro Sagrado, tal como, o Alcorão, o Torah, o Vedas, Talmud, etc. Essa liberdade de escolha é um testemunho da imparcialidade religiosa da Maçonaria.
O Ato da abertura do LIVRO DA LEI não acontece por acaso. Esta cerimônia, além de marcar oficialmente o início dos trabalhos da Oficina, investe-se ainda de transcendental importância, uma vez que simboliza a presença do Grande Arquiteto do Universo, significando que a partir daí, a Loja sai das trevas e recebe a influência do Poder Iluminativo Divino.
No Brasil, como a maioria das pessoas, praticam a Religião Cristã e a Maçonaria brasileira adotou o uso da Bíblia Sagrada como Código da Moral, da Ética e da Fé. Assim nos diferentes Graus, são feitas reflexões à luz dos seus versículos, embora eles se deixem variar, pois os usos e costumes maçônicos nem sempre são constantes e universais.
A Bíblia é o livro mais preferido do mundo e por isso já em 1.685 idiomas. Ela não se resume apenas em um livro, mas num conjunto de escritos que formam o Antigo e Novo Testamento.
Nossos exemplares ritualísticos do REAA, determinam, em sua página 62, a leitura do SALMO 133, no Grau de Aprendiz Maçom. "Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos! É como o óleo precioso sobre a cabeça, o qual desce para a barba, a barba de Arão, e desce para a gola de suas vestes. É como o orvalho do Hermom, que desce sobre os montes de Sião. Ali, ordena o SENHOR a sua bênção e a vida para sempre."(Salmos 133:1-3 RA)
Este Salmo foi escrito pelo rei David e foi denominado como o Salmo da União e da concórdia fraterna. Ele vem do Saltério Judaico. Essa coletânea de poemas líricos era cantado pelos adoradores durante seus ofícios divinos, quando na comemoração das suas mais importantes festas como: a Festa dos Tabernáculos e dos Pentecostes.
O hinário constante do Saltério Judaico era desprovido de rima e composto de 150 salmos, divididos em cinco livros, sendo que os mais importantes abrangem os Salmos 120 a 134, denominados Salmos de Romagem ou de peregrinação, onde o encontra-se aí o SALMO 133.
Tenta-se de aqui proceder, uma análise deste Salmo, procurando destacar os principais pontos de seu contexto literário.
Logo no seu início verifica-se a importância da união entre os povos. Este ensinamento induz ao Maçom a cultivar o mérito do bem viver, já que a união e a fraternidade são as maiores tradições maçônicas que chegaram até nós.
Em seguida ver-se a citação sobre “ o óleo precioso derramado sobre a cabeça de Aarão”. Ali é feita uma referência à cerimônia de consagração do ofício sacerdotal. Este óleo, a época, era um precioso ungüento de nardo genuíno , de odor agradável, cujo aroma exalava um delicioso perfume, no momento da Santa Unção, quando então o sumo sacerdote inclina sua cabeça deixando que o azeite sagrado escorra sobre sua barba, indo até à barra de sua vestimenta talar.
Nessa parte do texto, o salmista quis fazer uma comparação, ao orvalho existente na cadeia de montes localizados parcialmente em Israel, nos limites entre a Palestina, a Síria e o Líbano. Ali é avistado o Monte de Hermon (Sagrado, em hebraico, e, muitas citações bíblicas, Sl-89, Jz 3.3 a Mt 17.1), que possui 2.760 metros de altitude, cujo cume é cercado por neves eternas, que com a ajuda dos fortes ventos que sopram naquela região, ocasiona a precipitação de um refrescante orvalho que umedece àquelas terras ressequidas do deserto, atingindo os Montes de Sião, muito embora este esteja localizado a 150 quilômetros de distância.
O mais alto cume dos montes de Sião possui 700 metros de altitude e é lá as nascentes do Rio Jordão. Sião era uma cidade próxima a Jerusalém. Em 1058 a.C., ela foi tomada por David, que ali introduzir a Arca da Aliança e preparou o material e o plano para a construção do Templo Sagrado, que somente mais tarde foi executado por seu filho, o rei Salomão.
Apesar da Maçonaria não ser uma religião, seu sistema doutrinário é propício a condução do homem as sua origens divinas, através do culto ao Grande Arquiteto do Universo e o cultivo à espiritualidade. Compete levar a sério tais ensinamentos e continuar trabalhando pelo aperfeiçoamento das criaturas humanas, estendo a todos o espírito de união fraterna, como verdadeiro partícipe de Deus, para merecer que o GADU faça a parte que toca e, der-nos sua bençõa e a vida para sempre.
Texto do Ir:. Manoel de Souza Carmo – ARLS Deus e Crateús nº 20, baseado na Bibliografia acima, postado Blog: ms-carmo.gmail.com


Bibliografia: Símbolos Maçônicos e Suas Origens – Assis Carvalho – Editora Maçônica “Trolha” Ltda, Edição 1990; Pequena Enciclopédia Bíblica - ORLANDO BOYER; Informativo da ARLS Cláudio Neves, do Oriente de Minas Gerais; Wikipédia – Monte Hermon;

BÍBLIA E SALMO 133

sábado, 21 de fevereiro de 2009

DIFERENTES RITOS MAÇÔNICOS

Denomina-se rito maçônico um conjunto sistemático de cerimônias e ensinamentos, que variam de acordo com o período histórico, conotação, objetivo e influência de outras seitas esotéricas que porventura penetrem na Ordem...
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Enviado por Roberta em 24 de Fevereiro de 2003. Escreva para o autor
Denomina-se rito maçônico um conjunto sistemático de cerimônias e ensinamentos, que variam de acordo com o período histórico, conotação, objetivo e influência de outras seitas esotéricas que porventura penetrem na Ordem. Os ritos mais difundidos mundialmente são O rito de York, o rito Escocês Antigo e Aceito, O rito Francês ou Moderno. No Brasil se exercemtodos esses, mas se destacam também o rito brasileiro e o Adonhiramita. O Rito Misräim-Mênfis é um dos mais sangüinolentos. Na sua iniciação, o candidato deve ficar com um cadáver humano dentro de um caixão. Ele ainda é praticado.
Ritos
Adonhiramita: Criado pelo Barão de Tschoudy, ilustre escritor, em Paris, França no ano de 1766, de caráter místico e cerimonial, atualmente só em funcionamento no Brasil.
Brasileiro: Rito que se originou em 1878 em Recife, com o primeiro movimento maçônico brasileiro, ficou adormecido até que em 1976 por iniciativa de Lauro Sodré, Grão Mestre, deu o caráter de regular, legítimo e legal para o rito. Este sofreu ainda atualizações, para a sua forma atual.
Escocês Antigo e Aceito: Derivou-se do Rito de Heredon, em 1º de maio de 1786 foram fixados as regras e seus fundamentos, composto até hoje de 33 graus, atualmente é o rito mais difundido nos países latinos.
Escocês Retificado(1782): Como o próprio nome afirma, este rito consiste numa reformulação do R.E.A.A. e o objetivo era retirar um conteúdo por alguns considerado desnecessário.
Estrita Observância: Criado em 1764 pelo Barão Hund, com fundamento nas antigas "Ordens de Cavalaria". Era composto de 12 graus, esse rito deu origem aos ritos da Alta Observância e o da Exata Observância.
Francês ou Moderno: A história deste rito se inicia em 1774, com a nomeação de uma comissão para se reduzir os graus, deixando apenas os simbólicos. No princípio, houve uma forte oposição, então a comissão decidiu deixar 4 dos principais graus filosóficos. Com o decorrer do tempo, lojas adotaram o rito, hoje em dia é muito praticado na França e nos países que estiveram sob sua influência.
Heredom ou Perfeição: Iniciado em Paris, no ano de 1758.
York (ou Real Arco): Acredita-se ter sido criado por volta de 1743, foi levado à Inglaterra por volta de 1777, inicialmente foi composto de 4 graus, hoje possui 13, atualmente é o rito mais difundido no mundo, e considerado o que mais preserva a verdadeira ritualística e conhecimentos maçônicos.
Misräim ou Egípcio: Acredita-se ter ressurgido na Itália em 1813, e em seguida foi levado a França por Marc, Michel e Joseph Bédarride, Mizr significa Egito em hebraico, e seus divulgadores afirmam ser derivado dos Antigos Mistérios Egípcios, possuem 90 graus, dividido em quatro classes.
Mêmphis ou Oriental: Foi introduzido em Marselha(França) pelos Maçons Marconis de Négre e Mouret, no ano de 1838, esse rito dirige seus ensinamentos como o de Mizraim para a tradição Egípcia, compõe-se de 92 graus, dividido em 3 séries.
Mêmphis-Mizraim: Rito criado com a reunião dos ritos de Mêmphis e Mizraim em 1899 no Grande Oriente da França.
Mizraim-Mênphis: Rito criado com a reunião dos dois ritos, com conotação mais voltada ao Mizraim.
Adoção: Criado pelo grande Cagliostro na França em 1730, e reconhecido pelo Grande Oriente da França em 1774, trata-se de um rito voltado de temática egípcia, voltado para mulheres.
Schröeder: Criado por Frederick Louis Schoröeder, em 1766 na Alemanha, com a idéia de a Maçonaria conter apenas suas características fundamentais iniciais, sem nenhum acréscimo. Estudou muito as origens maçônicas para compor este rito. É também um dos que mais preserva a verdadeira essência maçônica.
Swenderborg: Criado em 1721 pelo Sueco Emmanuel Swenderborg, grande rosacruz, iluminista, teósofo, filósofo, psicólogo, físico e estudioso dos mistérios maçônicos. Desenvolveu este rito com oito graus e deu origem posteriormente aos ritos denominados de Iluministas.
Há ainda outras dezenas de ritos, adotados em menor escala.

TRABALHO SOBRE SOLSTÍCIO E EQUINÓCIO

Escolhi para o trabalho Solstício e Equinócio, proposto pelo Venerável Mestre da ARLS Deus e Crateús nº 20, Irmão ANTONIO WAGNER CLAUDINO SALES, uma metodologia enfocando três abordagens: 1) Abordagens dos aspectos astrológicos e esotéricos do tema; 2) abordagem conceitual das influências do Solstício e Equinócio no simbolismo e na cultura maçônica; 3) abordagem sobre a crença e organizações de civilizações antigas, em relação ao Solstício e Equinócio.
A ABORDAGEM DOS ASPECTOS ASTROLÓGICOS E ESOTÉRICOS DO TEMA
A Astrologia era, na antiguidade, considerada chave de todas as ciências humanas e naturais
A Astrologia teve sua origem por volta do ano 3.000 a.C., provavelmente, na cidade de “Ur”, supostamente a Pátria de Abraão, fundada há 4.000 anos a.C., por um povo ao norte da Mesopotâmia, os Sumérios. Este povo tinha grande interesse pela observação do céu. Para os Sumérios este parecia uma grande abóbada de veludo negro, onde as estrelas estavam fixas como enfeites de brilhantes. Entretanto, notaram que além do Sol e da Lua, cinco estrelas apresentavam um movimento mais rápido do que as outras; eram os planetas Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno.
Mais tarde, os caldeus introduziram a astrologia como hoje ela é conhecida. As estrelas foram agrupadas em constelações, para servirem como marcadores de movimento dos planetas. O Zodíaco ou o Caminho de Anu, era a rota seguida no céu pelo Sol, Lua e planetas, sempre pela mesma massa de estrelas, as Constelações Zodiacais.
A Maçonaria, com seus Templos onde são sempre representados os Signos do Zodíaco e Abóbada Celeste, serviram de veículo para difusão de ensinamentos de Astrologia e, com certeza, foram em Lojas Maçônicas que a Astrologia floresceu em nosso país, em especial no Rio de Janeiro.
Existem documentos mostrando a semelhança dos Cargos em Loja e os Sete Planetas Esotéricos. Venerável Mestre - Assimilado ao planeta Júpiter, que no panteão dos deuses babilônicos, simbolizava a sabedoria. Rege a visão, a prosperidade, a misericórdia, a liturgia, o sacerdócio, o mestre e a felicidade.
Orador - Está relacionado com Mercúrio, o planeta que rege a expressão da Verdade, pois é o “enviado de Deus”. Mercúrio tem asas nos pés e é o porta-voz, aquele que dá as boas vindas e domina os escritos. Associado ao Sol, pois dele emana a Luz, como guarda da lei maçônica que é além de responsável pelas peças de arquitetura instruções das regras para o caminho certo da moral e da ética entre os homens.
1º Vigilante - Associado ao planeta Marte, que era o senhor da guerra, simbolizando a força, a disciplina rumo certo e verdadeiro à Luz. Marte rege o início, a coragem, o pioneirismo e o impulso.
2o Vigilante - Assimilado ao planeta Vênus, mitologia feminina babilônica e que, sendo a deusa mágica da fertilidade e do amor, simboliza a beleza. Vênus rege a harmonia, o prazer, a alegria, e a beleza como o reflexo da manifestação do Grande Arquiteto do Universo.
Secretário - Relaciona-se com o planeta Saturno. É ele o responsável de gravar para a eternidade os fatos de forma fria e exata. Ele é o controlador rígido da ordem dos processos e cioso pela documentação dentro das normas. Assimilado à Lua, pois reflete as conclusões legais do Orador.
Tesoureiro - Associado a Cronos (Saturno, para os romanos), pai de Zeus e filho de Urano, um dos deuses primordiais, que, com Géia (a Terra) estava no início de todas as coisas, simboliza a riqueza. Recebe a simbologia da Lua em sua atividade. A atividade de receber os metais e de organizar o movimento financeiro da Loja é considerada por lidar com a frieza dos números calculista, além de inflexível. . A Lua rege a família, a cidade, o lar e o corpo; portanto rege o Templo.
Mestre de Cerimônias. Assimilado ao planeta Mercúrio, o deus veloz e astuto. Está relacionado ao planeta Sol. O Sol caminha diariamente pelo Céu, levando e trazendo a existência, a verdade e a justiça. É ele que anima a vida e que circula no oriente e no ocidente.
ABORDAGEM CONCEITUAL DO SOLSTÍCIO E EQUINÓCIO NO SIMBOLISMO DA CULTURA MAÇÔNICA
Os Solstícios são os pontos na eclíptica, em que o Sol está em sua distância máxima (ao norte ou ao sul) do Equador e, que assim são chamados, por que parece que o Sol estar parado.
O Solstício ocorre sempre entre 20 ou 21 de junho e 21 ou 22 de dezembro anualmente. Em 2009, ocorrerá, às 5:44 do dia 2l de junho e 21 de dezembro, às 17:47.
Já o Equinócio é ponto da órbita da Terra ao redor do Sol, em que a inclinação polar, forma um ângulo reto com a linha traçada entre a Terra e o Sol, resultando nessa ocasião, o dia ter a mesma extensão da noite em todas as regiões da Terra.
O Equinócio, anualmente ocorre duas vezes, em 20 ou 21 de março e 22 ou 23 de setembro, sendo que em 2009, será em 20 março, às 11:44 e 22 de setembro, às 21:18.
A Maçonaria celebra festa solene por ocasião do Solstício de Inverno, como dedicação à esperança e a festa celebrada no Solstício de Verão, é de reconhecimento e de aclamação.
A Grande Loja Maçônica do Estado do Ceará, constitucionalmente, reúne-se ordinariamente comemorando Solstícios e Equinócios nas suas respectivas datas.


A órbita da Terra em torno do Sol é uma elipse, e não um círculo, a distância da Terra ao Sol varia somente 3%, sendo a máxima no solstício de inverno e a mínima no solstício de verão. Onde a Terra está mais próxima do Sol é mês de janeiro.
A Terra faz um movimento de translação ao redor do Sol em uma órbita plana, chamada eclíptica, quase circular, (Elipse) com o período definido de um ano. Enquanto isso, ela gira em torno de si mesma, originando os dias. O Equinócio é o ponto da órbita da Terra onde a duração do dia e da noite são iguais. É o dia a partir do qual os dias ou as noites começam a crescer (respectivamente Primavera e Outono), até que se chegue ao Solstício, que é o ponto da órbita da Terra onde existe a maior disparidade entre a duração do dia e da noite. Os solstícios são, então, os dias e as noites mais longos do ano (verão e inverno, respectivamente).Iniciando então no Solstício de Inverno (noite mais longa do ano), é a partir dessa data que os dias começam a crescer, até que se alcance uma igualdade entre o dia e a noite (Equinócio de Primavera), e continua até o ápice do dia no Solstício de Verão (dia mais longo do ano), data a partir da qual os dias diminuirão até que, mais uma vez, a igualdade se faça presente entre dia e noite (Equinócio de Outono), seguindo, novamente, para o Solstício de Inverno, onde se repete a nossa explicação, em um ciclo perpétuo. O Solstício deve ser comemorado maçonicamente com “ágapes solsticiais”. Isso não significa reunião para comer ou beber, mas sim para compartilhar, agradecer e unir energias a serviço do “Mais Elevado” e da ajuda à humanidade.
A ABORDAGEM SOBRE A CRENÇA E ORGANIZAÇÃO DE CIVILIZAÇÕES ANTIGAS, EM RELAÇÃO AO SOLSTÍCIO E EQUINÓCIO.
A comemoração do solstício de verão, trás o dia 24 de junho o dia de São João Batista, são recomendado os festejos juninos representando alegria e fatos significativos da história das civilizações Antigas.
Os antigos povos realizavam rituais a cada mudança de ciclo da natureza, ou seja, a cada estação. Os rituais de Primavera eram valorizados por celebrarem a fertilidade, para marcar o início de um período de abundância e generosidade da Mãe Natureza.
OS POVOS INCAS nos Andes, tinham como seu principal Templo o Sol. Cuzco, era a capital de seu Império, onde celebravam A Grande Festa do Sol, a Inti Rami. Também no Solstício de inverno, para dar boas vindas ao Sol e queimavam uma vítima em sacrifício, numa fogueira da palha do milho e de coco. Ainda hoje no Peru, em Cuzco, é celebrado o festival do Inti Rami, (nome dado ao Imperador) com uma re-encenação da antiga festa do Deus Sol.
Outras celebrações eram realizadas a deuses, como: MAMA QUILLA – A Mãe Lua, MAMA COCHO – A mãe Mar, MAMA SARA – A Mãe Milho - muita crendice fazia parte dos rituais da cultura Inca. Quase sempre nas passagens do Solstício e Equinócio.
OS POVOS ASTECAS no México, de uma rica mitologia, em deuses e criaturas sobrenaturais, a maneira dos romanos. Astecas incorporavam a sua religião divindades de povos que conquistavam em suas guerras. No mito da Criação os deuses entenderam que no princípio, tudo era negro e morto. O sacrifício de humanos, segundo suas crenças, era vontade dos deuses, onde usavam para tal, prisioneiros de guerra. Para eles era uma honra dar a vida por um deus. A mitologia Asteca era figura de um JAGUAR, que desempenhava o papel cultural mitológico. O livro religioso asteca era uma espécie de Bíblia chamada Códices
O POVO DA SOCIEDADE MAIA Contava em cidade-estado, com uma autoridade máxima hereditário “homem de verdade”. Quem designava os chefes de cada aldeia para funções civis, militares e religiosas, era um Conselho de notáveis. A nobreza maia incluía como dignitários, os sacerdotes, guerreiros e comerciantes e o restante eram artesões, escravos e prisioneiros de guerra e infratores dos direitos comuns. A classe sacerdotal era muito poderosa, pois detinha o saber relativo à evolução das estações e ao movimento dos astros, de importância fundamental para a vida econômica maia, baseada na agricultura. O sumo sacerdote dominava os segredos da astronomia, redigia os códigos e organizava dos templos. Tanto as artes quanto as ciências eram de domínio da classe sacerdotal.
O Sacerdócio nas cerimônias religiosas mais relevantes era conduzido por nobres de alta posição da família real

A falta de imagens artísticas dos sacerdotes, pode ser explicada, pela reticência dos Maias para representar cenas da vida cotidiana. Mas usam um calendário repleto de celebrações e cerimônias sempre a cargo dos nobres.


Dentro de cada clã, existiam as linhagens dos ancestrais mais distantes, que eram vassalos, que devia tributar obediência às linhagens superiores.

Os integrantes destas linhagens eram considerados como “gente inferior” pelo rígido sistema de castas. O último escalão social era ocupado pelos escravos. Com freqüência, eles eram oferecidos nos rituais de sangue.
O papel das mulheres, assim como era concebido, as mulheres se limitava à reprodução. As jovens das linhagens de elite, eram trocadas por mulheres de outras cidades, gerando redes de parentesco vinculadas a todas as regiões do mundo Maia, sem a obrigação de se casar com mulheres ou homens da mesma linhagem.
Excepcionalmente, cidades como Palenque e Tikal admitiam que as mulheres da nobreza ocupassem papéis governantes, caso a linha de descendência masculina fosse interrompida.
As normas morais eram extremamente rígidas. O adultério era proibido e as mulheres que traíssem o marido eram mortas por apedrejamento. Como exceção, aceitava-se a poligamia. Aceitava-se o divórcio, e em caso de insatisfação era permitido devolver a noiva durante o primeiro ano de casamento. O consumo de álcool, tabaco e estupefacientes era um privilégio dos homens das castas

POVOS CELTAS - Os Celtas surgiram na Europa Central no segundo milênio a.C., na época do Bronze, espalharam-se pelo continente na Idade do Ferro. Foram os introdutores do Ferro na Europa no primeiro milênio a.C. Como entidades políticas independentes perpetuaram-se na Irlanda até o Século XVIII.
A Religião dos Povos Celtas era politeísta, adoravam vários Deuses, e seus ritos, fortemente impregnados de magia, realizavam-se ao ar livre, e, em clareiras de florestas e locais junto a fontes ou fossas profundas que eram preenchidas com ossos de animais e outras oferendas. Em determinadas ocasiões, os Druidas, sacerdotes celtas, realizavam sacrifícios humanos, queimando, afogando ou enforcando suas vítimas - geralmente criminosos ou prisioneiros de guerra.
Do panteão os celtas faziam parte centenas de divindades, a maioria agrupada ao acaso, sem qualquer hierarquia. Havia dezenas de deusas de âmbito geral, ao lado de divindades especializadas como as que protegiam os ferreiros, as que tomavam conta dos animais ou mesmo a dos oradores.
Os Druidas eram sacerdotes e sacerdotisas dedicados ao aspecto feminino da divindade: a Deusa. Mas eles sabiam que todas as idéias a respeito da divindade, eram apenas parciais e imperfeitas às percepções do divino. Assim, todos os deuses e deusas do mundo nada mais seriam que aspectos de um só Ser supremo – qualquer que fosse a sua denominação – vistos sob a ótica humana.
Os Druidas desapareceram paulatinamente da história à medida que crescia o domínio da Igreja de Roma. Os grandes sacerdotes Druidas eram conhecidos como as serpentes da sabedoria, e, numa paródia sem graça, São Patrício ficou conhecido por ter expulsado “as serpentes da Bretanha”, região a época, por eles dominada. Mas o fascínio destas pessoas não poderia desaparecer de repente. Eles se perpetuaram nos romances dos menestréis e trovadores medievais, e sua influência se fez sentir os vários movimentos místicos e contestatórios da Idade Média, especialmente na ordem dos Templários.
No dia 25 de dezembro comemora-se o solstício de verão, data do nascimento de vários líderes da história universal como: Krishna, Mitra, Hórus, Buda e Jesus Cristo, todos considerados grandes Deuses ou dignitários da casa divina.
Autoria de Manoel de Souza Carmo, textos produzidos ou modificados da bibliografia abaixo – trabalho postado no Site: ms-carmo.gmail.com
Bibliografia: Dicionário de termos maçônicos, ( Internet) - HIRAM – Maçonaria, Vênus e a chave secreta para revelação da vida de Jesus – Christopher Robert Lonas, Madras Editora; José Castellani Bibliografia: 1.Maçonaria e Astrologia/ José Castellani – São Paulo: Landmark, 2002 Brasil 2a. Edição 2.Liturgia e Ritualística do Grau de Aprendiz Maçom – Editora A Gazeta Maçônica - 1a. Edição - 1985 - 2a. Edição 1992. Carlos Galvão, João Paganelo e Eduardo Gennari, MM.. M.'. - A.'.R.'.L.'.S.'. Thomaz Idineu Galera, GOB - São Paulo- Brasil – Ascensão e Queda do Deus Mitra - Monografia Maçônica pelo Vem:. Irmão William Almeida de Carvalho, Grau 33.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

CARTA DE UM MAÇOM

Rio de Janeiro, 09 de Julho de 1.963 e.v.
Caro Dr. G.:Faze o que tu queres há de ser tudo da Lei.
Relembrei nessa ocasião minha conversa com o senhor, e as nossas palavras de despedida, nas quais buscou o senhor gentilmente trazer à minha atenção o fato de que (na sua opinião), a Igreja Católica Romana é uma boa introdução à vida adulta para crianças. Eu lhe disse então: "Mas a Maçonaria é infinitamente melhor", e aproveito esta oportunidade para repetir e ampliar estas palavras.
Eu não quis discutir a validade, ou falta de validade da Igreja Romana como campo de treino para crianças, porque não é assunto que se possa propriamente discutir. É assunto que deve — repito, deve — ser pesquisado por todo homem consciencioso e responsável, principalmente por maçom de alto grau e no Brasil, onde essa Igreja teve tanta influência na formação psíquica do povo — com os resultados que estamos vendo no presente.
Para esta pesquisa, vitalmente necessária a todos os maçons neste momento de transição, é necessário uma análise cuidadosa da evidência espalhada pelas obras de muitos pesquisadores imparciais e fidedignos; e isto não pode ser resumido numa breve discussão. Eu estou a par dos fatos; o senhor não estava, na ocasião; e afirmativas de minha parte teriam forçosamente de parecer ao senhor opiniões arbitrárias e caprichosas, principalmente por o senhor, com certeza, suspeitar de mim e de minhas intenções. "Telemitas não são mais benquistos no momento do que o foram os gnósticos em seu tempo!"
A finalidade desta carta é expor, de maneira a mais ordeira e clara, minhas conclusões, e citar obras nas quais me baseio; de forma que o senhor possa, se quiser, consultá-las e tirar suas próprias conclusões, que podem ou não virem a coincidir com as minhas. Peço-lhe apenas que, tendo lido a minha carta, examinado se lhe aprouver, as fontes nela citadas, e chegado, porventura à conclusão de que são ambas de valor a seus irmãos maçons, transmita-lhes a carta assim como as fontes, para que por sua vez, tenha a oportunidade de examinar, ponderar e julgar.
Devo começar por repetir-lhe o que lhe disse por ocasião de nossa conversa, e que tanto chocou seus bons sentimentos e sua honesta devoção: que o homem chamado "Jesus Cristo" nos Evangelhos nunca existiu. Suas peripécias são fictícias; não padeceu sob nenhum Pôncio Pilatos; não foi nem poderia jamais ser a única Encarnação do Verbo; e qualquer Igreja, seita ou pessoa que diga o contrário ou está enganada ou enganando.
Não quero dizer com isto que um homem assim não pudesse ter nascido, pregado e padecido. Pelo contrário: tais homens nascem continuamente, e continuarão a nascer por todos os tempos: Encarnações do Logos, Templos do Espírito Santo, Cruzes de Matéria coroadas pela Chama do Espírito.
Direi mais: Houve, em certa ocasião, um homem que alcançou no mais alto grau a consciência de sua própria Divindade; e este homem morreu em circunstâncias análogas (porém não idênticas!) àquelas narradas nos Evangelhos. Seu nascimento perdeu-se na noite dos tempos: ele foi o original do "Enforcado" ou "Sacrifício" no Tarô, e os egípcios o conheciam pelo nome de Osíris. Foi esse Iniciado quem formulou na carne a fórmula do Deus Sacrificado. Esta é a fórmula da Cerimônia da Morte de Asar na Pirâmide, que foi reproduzida nos mistérios de fraternidades maçônicas da tradição de Hiram, das quais o exemplo mais perfeito foi o Antigo e Aceito Rito Escocês. O Grau 33° desse rito indicava uma Encarnação do Logos, a descida do Espírito Santo; a manifestação, na carne, de um Cristo; a presença do Deus Vivo.
Para os fatos que servem de base às asserções acima, indico ao senhor as seguintes obras de maçons ilustres e merecedores:
LA MISA Y SUS MISTÉRIOS, de J. M. Ragón.
THE ARCANE SCHOOLS, de John Yarker.
DO SEXO À DIVINDADE, do Dr. Jorge Adoum
CURSO FILOSÓFICO DE LAS INICIACIONES ANTIGUAS Y MODERNAS, de J. M. Ragón.
ISIS UNVEILED, de Helena Blavatsky, seção sobre o cristianismo.
Mme. Blavatsky não era dos vossos, mas dos Nossos... Na minha opinião, Dr. G., um maçom de alto grau, com tempo a seu dispor, faria um grande benefício a seus Irmãos ao traduzir para o português as obras citadas acima, principalmente as duas primeiras.
Os documentos incluídos no assim-chamado "Novo Testamento" (a saber, os Quatro Evangelhos, os Atos, as Cartas e o Apocalipse) são falsificações perpetradas pelos patriarcas da Igreja Romana na época de Constantino, por eles chamado "o Grande" porque permitiu esta contrafação, colaborando com ela. Constantino não teve sonho algum de "In hoc signo vinces". Tais lendas são mentiras desavergonhadas inventadas pelos patriarcas romanos dos três séculos que se seguiram, durante os quais todos os documentos dos primórdios da assim-chamada "era Cristã" existentes nos arquivos do Império Romano foram completamente alterados.
O que realmente aconteceu na época de Constantino, foi que, aliados os presbíteros de Roma e Alexandria, com a cumplicidade dos patriarcas das igrejas locais, dirigiram-se ao Imperador, fizeram-lhe ver que a religião oficial era seguida apenas por uma minoria de patrícios, que a quase totalidade da população do Império era cristã (pertencendo às várias seitas e congregações das províncias); que o Império se estava desintegrando devido a discrepância entre a fé do povo e a dos patrícios; que as investidas constantes de seitas guerreiras essênias da Palestina incitavam as províncias contra a autoridade de Roma; e que, resumindo, a única forma de Constantino conservar o Império seria aceitar a versão Romano-Alexandrina do Cristianismo. Então, os bispos aconselhariam o povo a cooperar com ele; em troca, Constantino ajudaria os bispos a destruírem a influência de todas as outras seitas cristãs!
Constantino aceitou este pacto político, tornando a versão Romano-Alexandrina do Cristianismo na religião oficial do Império. Conseqüentemente, a liderança religiosa passou às mãos dos patriarcas Romano-Alexandrinos, que, auxiliados pelo exército do Imperador, começaram uma "purgação" bem nos moldes daquelas da Rússia moderna. Os cabeças das seitas cristãs independentes foram aprisionados; seus templos, interditados; e congregações inteiras foram sacrificadas nas arenas das províncias de Roma e Alexandria. Os gnósticos gregos, herdeiros dos Mistérios de Elêusis, foram acusados de práticas infames por padres castrados como Orígenes e Irineu (a castração era um método singular de preservar a castidade, derivado do culto de Átis, do qual se originou a psicologia Romano-Alexandrina). Os essênios foram condenados através do hábil truque de fazer dos judeus os vilões do Mistério da Paixão; e com a derrota e dispersão finais dos judeus pelos quatro cantos do Império, a Igreja Romano-Alexandrina respirou desafogada e pode dedicar-se completamente ao que tem sido sua especialidade desde então: AJUDAR OS TIRANOS DO MUNDO A ESCRAVIZAREM OS HOMENS LIVRES.
Para o escrito acima, indico ao senhor os seguintes livros:
ISIS UNVEILED, seção sobre o cristianismo, de Blavatsky.
OUTLINES ON THE ORIGIN OF DOGMA, de Adolf von Harnack.
DECLINE AND FALL OF THE ROMAN EMPIRE, de Gibbon.
THE AGE OF CONSTANTINE THE GREAT, de Burckhardt.
Quanto as falsificações da Igreja Romano-Alexandrina, indico ao senhor as palavras do grande erudito americano Moses Hadas, em suas notas à tradução do livro de Burckhardt, na página 367, que passo a traduzir:
"A História Augusta apresenta biografias de imperadores, Césares e usurpadores, de Adriano a Numério (117—284), com uma lacuna no período de 244—253. Pretende ser o trabalho de seis autores — Aelius Spartianus, Vulcacius Gallicanus, Aelius Lampridius, Julius Capitolinus, Trebellius Pollio e Flavius Vopiscus — e ter sido escrita entre os reinados de Diocleciano e Constantino, ou cerca de 330. Alguns estudiosos crêem tais asserções verdadeiras, mas outros mantém que a obra foi escrita um século mais tarde e por uma só pessoa. Em tal caso o nome dos seis autores terá sido adicionado para tornar mais convincente o que foi escrito."
Trocando em miúdos, o que ele quer dizer é o seguinte: os patriarcas romanos, ansiosos por esconder seus crimes (especialmente a perseguição a cristãos de outras seitas ou igrejas) e por se declararem os únicos cristãos verdadeiros, destruíram todos os documentos autênticos nos quais conseguiram por as mãos. (Isto lhes era particularmente fácil, já que, desde a era de Constantino, eles foram os guardiães de tais manuscritos). Feito isto, substituíram os destruídos por outros, forjados, que descreviam a sua classe como oprimida pelos imperadores e outras seitas cristãs como inexistentes ou obscenas. (Na realidade, ela bajulara os imperadores desde o começo; o Culto de Átis era o único em Roma ao qual os patrícios podiam ir legalmente.
Um pouco mais tarde, Romanos e Alexandrinos brigaram. Isto porque cada facção queria fazer de sua cidade o centro político e religioso do Império. Foi então que um dos poucos historiadores pagãos que escaparam a atenção dos patriarcas, escreveu: "AS ATROCIDADES DOS CRISTÃOS UNS CONTRA OS OUTROS ULTRAPASSAM A FÚRIA DAS BESTAS SELVAGENS CONTRA O HOMEM" (Ammianus Marcellinus).
O capítulo final da disputa foi a divisão do Império em Romano e Bizantino. Desde então, a Igreja Romana tem-se chamado "Católica", e a Bizantina, "Ortodoxa".
Ambas, é claro, um amontoado de mentiras.
Qual o motivo, o senhor perguntará, para esta perseguição impiedosa às seitas gnósticas e essênias?
No caso dos essênios, as razões foram políticas e dogmáticas. Aproximadamente um século antes do assim-chamado "Ano Um", nascera na Palestina um rabino, cujo nome é desconhecido (embora alguns estudiosos presumam ter sido Ionas ou Jonas). Ele criou um novo sistema de Essenismo, fundando muitos ramos dessa fraternidade judeu-cóptica, e adquirindo um grande número de seguidores na Ásia Menor. Muitos documentos foram escritos acerca dos incidentes de sua vida e doutrina. Foi um Adepto Cristão, ou seja, defendeu tese de que todo homem é um Templo do Deus Vivo; deu testemunho do Logos e do Espírito Santo, e tal foi seu impacto no pensamento religioso de sua época, que os patriarcas Romano-Alexandrinos, ao escreverem a "história de Jesus Cristo", foram forçados a incluí-lo, para evitar suspeitas. Chamaram-no de "João Batista" ...
Acerca deste Mestre Essênio, aconselho ao senhor a leitura de:
THE DEAD SEA SCROLLS, AN INTRODUCTION, de R. K. Harrison.
Também este livro deveria ser traduzido para o português por um maçom!
Abaixo, cito uma passagem atribuída a esse Iniciado, extraída de um manuscrito Cóptico intitulado "Evangelho de Maria", apócrifo, desde 1896 no Museu de Berlim. Depois de haver explicado vários pontos de sua doutrina, ele se despede de seus discípulos:
"... Quando o abençoado havia dito isto, ele os saldou a todos, dizendo: ‘A paz seja convosco. Recebei minha paz para vós mesmos. Cuidai-vos de que nenhum vos desvie com as palavras ‘Olha ali’, ou ‘Olha lá’, pois o Filho do Homem está dentro de vós. Segui-o: aqueles que o buscam o encontrarão. Ide pois, e pregai a Boa Nova do Reino. Eu não vos deixo nenhuma regra, e eu não vos dei nenhuma lei, qual fez o legislador (Moisés) para evitar que vos sentisseis obrigados por ela.’ E quando acabou de dizer isto, ele foi embora." Gnosticism, An Anthology, ed. Robert M. Grant, Collins, London, pp. 65—66, "The Gospel of Mary").
Essa passagem pode ser comparada a muitas outras nos Evangelhos, nos quais quando interrogado, "Jesus" disse explicitamente: "O Reino de Deus está dentro de vós".
E que razão tinham Romanos e Alexandrinos para perseguir e exterminar os gnósticos gregos?
Desta feita o motivo era puramente dogmático. Na época posteriormente atribuída pelos patriarcas ao "nascimento de Jesus Cristo", um Iniciado grego deu vida nova aos Mistérios de Apolus e Dionísio, restabeleceu o culto ao Sol Espiritual e ao Logos, praticou maravilhas taumatúrgicas e, em suma, causou tal impressão que os Romanos-Alexandrinos foram forçados a incorporar diversos "milagres" em sua miscelânea evangélica, de forma que o seu "Jesus" pudesse igualar os prodígios atribuídos a Apolônio de Tyana. Ao mesmo tempo afirmaram que Apolônio havia sido enviado por "Satã" para reproduzir os milagres de "Jesus" e assim desviar as pessoas do "verdadeiro Cristo". Destruíram também, sistematicamente, todos os documentos autênticos da vida de Apolônio, salvo um, a fantástica e inacreditável Vita, atribuída a um pretenso "discípulo" desse grande Adepto.
Novamente lhe indico ISIS UNVEILED e o artigo "APOLLONIUS" na Enciclopédia Britânica.
Devo aqui, Dr. G., apender um parêntese um pouco prolongado, de forma a estabelecer a maneira pela qual o Catolicismo Romano difere do verdadeiro Cristianismo. Para este fim, começarei por apresentar um dos poucos textos que nos chegaram quase sem alterações cometidas pelos patriarcas de Roma e Alexandria. As modificações relevantes vão comentadas entre parênteses, e o texto, apresento o original, intato. É o intróito do Evangelho de "São João":
"No princípio era o Verbo. E o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus.
"Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez.
"A vida estava nele, e a vida era a luz dos homens.
"A luz resplandece nas trevas, e as trevas não o escondem (isto é, não escondem o fato de que a luz brilha nelas!)
"Houve um homem enviado por Deus, cujo nome foi Jonas (Johannes, no original em grego).
"Ele veio como testemunha da luz, a fim de todos virem a crer por intermédio dele.
"Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz: a saber, a verdadeira luz que, vinda ao mundo, ilumina todo homem.
"Estava no mundo, o mundo foi feito por intermédio dela, mas o mundo não a conheceu (no masculino da Vulgata, para sugerir ‘Jesus’).
"Veio para o que era seu, e os seus não a receberam (idem).
"Mas, a todos quantos a (idem) receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus (e aqui os Romano-Alexandrinos acrescentaram: a saber, os que crêem no seu nome, isto é, no ‘Jesus’ que eles inventaram para servir aos seus próprios propósitos), os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.
"E o Verbo se fez carne, e habitou em nós (a Vulgata aqui põe ‘entre’, o que muda totalmente o sentido da passagem) cheio de graça e verdade, e vimos a sua glória, glória como a do primogênito do Pai." (O Primogênito do Pai é, claro, Chokmah, o Verbo Espiritual, a Primeira Emanação do Ancião dos Dias Kether. Primogênito também traz à lembrança o "mais velho dos filhos de Deus", Lúcifer ou Satã.)
Na versão acima, original, deste documento cristão, e nas interpolações introduzidas pelos Romano-Alexandrinos, Dr. G., tem o senhor o sumário e a base do dogma católico romano.
Jonas, Apolônio, Simão (Simão Pedro e Simão o Mago; a estes aludiremos depois), Adeptos Cristãos, ensinaram todos os três: "Vós sois o Templo do Deus Vivo. Contemplai a Luz dentro de vós, e sabei que sois Filhos da Luz."
Repetidamente esta mensagem é encontrada nos Evangelhos; mas sempre deformada, condicionada ou "explicada" pelas interpolações e teologismos Romano-Alexandrinos. O resultado é que, algumas vezes, "Jesus" fala como um santo, como uma verdadeira Encarnação do Verbo; o mais das vezes, porém, como fanático e sectarista. Contradições deste tipo abundam.
Este é o resultado das alterações e interpolações dos Romanos e Alexandrinos. Copiaram, adaptando-os às suas necessidades político-financeiras, os documentos essênios que descreviam as pregações de Jonas (entre outros, o "Sermão da Montanha"). Inseriram "milagres" do tipo atribuído a Apolônio de Tyana. Arranjaram um Mistério da Paixão em drama nos moldes dos cultos de Mitras, Adônis, de Átis, de Dionísio e de Oannes — o que era necessário para tornar o seu "Jesus" numa Encarnação do Logos do Aeon de Osíris, o Deus Sacrificado. Tão cuidadosamente misturaram verdade e mentira que durante quase mil e seiscentos anos, todo cristão que procurou encontrar o Verbo em si mesmo — o único lugar onde pode ser encontrado — deparou, nos portais de sua alma, com este fantasma insidioso, esta blásfema quimera, este pesadelo teológico: "Nosso Senhor Jesus Cristo".
"Adora-me! — diz o Egrégora — "Eu sou o filho de Deus. Tu não és nada mais que uma criatura sem valor e pecadora, condenada desde o nascimento e destinada ao inferno não fosse por meu sacrifício; e sem mim nunca alcançarás o céu."
Talvez o senhor comece a compreender agora, Dr. G., a natureza daquilo que nós chamamos a Grande Feitiçaria?
Após mil e seiscentos anos de vitalização por multidões de adorantes, e a absorção de cascas vazias de padres, freiras e fanáticos que se deixaram vampirizar por ele, o Egrégora existe no assim-chamado plano astral, e é um demônio, quer dizer, uma entidade ilusória. Não é um verdadeiro Microcosmo, mas um gestalt de cascões vitalizados, um foco para tudo o que há de negativo, derrotista, piegas, preconceituoso e introvertido na natureza dos cristãos: um lodaçal hostil ao progresso e à evolução deles.
E, no entanto, nada há de mais sagrado ou puro do que o que está oculto neste nome: "Jesus Cristo"... É um híbrido dos títulos pelos quais os cabalistas essênios e os gnósticos gregos, respectivamente, chamavam o Iniciado que alcançasse a esfera de Tiphereth, o Filho — ou seja, a "sephira" ou plano de consciência que em Nosso Sistema corresponde ao Grau de Adeptus Minor, e, no Rito Escocês, ao 33° grau.
Cristo, Chrestos, significa "Bom" e "Ungido". Este era um título nobre nos Mistérios de Elêusis. O Iniciado tem sempre sido um sacerdote-rei desde a antiguidade; a superstição absurda do "direito divino hereditário" dos reis foi outra adulteração dos Romano-Alexandrinos para ajudar os tiranos que os apoiavam. Seria realmente fácil se a verdadeira realeza, dura recompensa da Iniciação, pudesse ser transmitida por métodos dinásticos, ou conferida por um papa! Para fazer justiça a este tema um volume inteiro seria necessário; diremos apenas que os símbolos tradicionais da realeza são os símbolos da completa Iniciação. O Cetro representa o Falo, a imagem material do Verbo; o Globo e a Cruz são formas da Cruz Ansata, símbolo da imortalidade conferida pela Iniciação (mostra a mulher "dominada" pelo homem, ou seja, satisfeita, pelo homem...), a Coroa é Kether, o Sahashara Cakkram em completo funcionamento, a Primeira Sephira, o Ancião dos Dias, o Pai; o Manto púrpura adornado de estrelas ou flores representa o Céu Noturno, a Aura do Sacerdote de Nuit; e, finalmente, as roupagens rubro-douradas são o símbolo do Corpo Solar, o Corpo de Glória do Iniciado — vermelho e ouro sendo as cores heráldicas do Sol.
Quanto ao nome "Jesus", é escrito em hebraico IHShVH (procuncia-se Jehêshua). Note que isto é IHVH (Tetragrammaton) com Shin (Sh) intercalada. Shin é a letra que representa a um só tempo os elementos Fogo e Espírito, e, estando no centro de IHVH, equilibra as Quatro Forças Elementais Cegas do Demiurgo. Jeová — a Palavra de Moisés — torna-se Jeheshua — a palavra de Jonas. Nesta palavra o senhor tem o Deus Crucificado, Dr. G.: nela o Pentagrama, o sinal do homem, a Estrela Flamejante do Santuário; nela a chave cabalística do Tetragrammaton Cristão, INRI, que significa, entre outras coisas, Igne Natura Renovatur Integra, ou seja, Pelo Fogo (do Espírito Santo) a Natureza se Renova Inteiramente...
A diferença básica entre o Cristianismo e as religiões que o precederam é que o Mistério de Osíris, até então revelado apenas a aspirantes cuidadosamente selecionados nos mais profundos recônditos dos mais remotos santuários, foi abertamente oferecido ao mundo. Antes do Aeon de Osíris, no Aeon de Ísis, os homens adoravam a Deus em uma de suas múltiplas imagens (adaptadas à visão espiritual de indivíduos diversos em nações diversas) da mesma forma que uma criança ama e adora sua mãe: como Alguém que protege, alimenta, conforta e ocasionalmente corrige e castiga, mas sempre como alguém exterior a si mesmos.
Foi a revelação do Mistério da Morte de Osíris que acordou os homens para a consciência de que eles, em si mesmos, são a divindade encarnada. Tampouco podemos ir muito longe neste assunto, pois é matéria para outro volume. O Aeon de Virgo-Pisces, com suas vibrações, adaptava-se às idéias de devoção e sacrifício (auto-sacrifício), tornando a Iniciação Racial possível, em larga escala; mas é necessário que o senhor compreenda, Dr. G., que o Mistério de Osíris data da mais remota antiguidade. O Deus Sacrificado é fórmula anterior a destruição de Atlântida, quando o verdadeiro significado dos símbolos, até então geralmente conhecido, tornou-se privilégio de alguns poucos iniciados. Um sacrifício humano anual, para ajudar a colheita, era um rito genérico entre todas as tribos agricultoras da Europa e da Ásia Menor há cinco mil anos; e mesmo nos primórdios do Romanismo, ainda era praticado por tribos indo-européias. O sacrificado era, originalmente, o rei da tribo; reinava durante o ano, e era executado nos Ritos da Primavera, ou Páscoa (em inglês Easter, corruptela de Ishtar). Era tratado como encarnação do deus tribal, e adorado até o momento de sua morte. Com seu sangue os campos de cultivo eram salpicados; sua carne era comida por nobres e sacerdotes e o povo tinha de contentar-se em respirar a fumaça de certas partes queimadas e oferecidas à divindade que ele havia encarnado (estas partes variavam: algumas tribos queimavam os órgãos sexuais, outras o coração).
Eventualmente, com o desenvolvimento da inteligência, a fórmula tornou-se mais conveniente para os reis: algum gênio tribal concebeu a idéia de um vicário; e desde então, um rei substituto era simbolicamente ungido para a ocasião, para ser sacrificado no lugar do rei verdadeiro. Primeiro usavam voluntários, depois velhos e doentes ou criancinhas, a seguir inimigos, e por último animais.
Em muitas tribos, os pais, em vez de se sacrificarem, sacrificavam seus primogênitos (neste caso eram os pais os chefes ou patriarcas das tribos). Na Bíblia, a história do primogênito de Abraão é uma hábil fábula que marca a transição, entre os primeiros judeus, do sacrifício dos primogênitos a Jeová para aquele dos bodes expiatórios.
Sacrifícios humanos, acompanhados de antropofagia ritual, eram costumes no continente Indo-Europeu, na Australásia, no continente Africano e no Novo Mundo. A presença universal de tal rito, numa época em que a arte da navegação era praticamente nula, indica uma origem comum na antiguidade. Esta foi a Atlântida, se bem que o senhor deva notar que seus habitantes não praticavam sacrifícios humanos. Foi precisamente a destruição desta civilização (devida não a "castigo divino", mas a um dos grandes movimentos periódicos da crosta terrestre a intervalos de vinte mil anos) que, havendo deixado apenas algumas colônias em outras terras, resultou na volta à barbárie que ali ocorreu quando os símbolos passaram a ser interpretados da forma mais grosseira. Alguns centros mais adiantados da cultura Atlante mantiveram o verdadeiro significado. Entre eles o Egito, onde os Mistérios Menores (de Ísis e de Osíris), eram celebrados com pleno conhecimento de seu significado verdadeiro (é suficiente que o senhor recorde que no Livro dos Mortos a alma do morto ou da morta é sempre chamada Osíris), e os Mistérios Maiores (de Nuit-Hadit-Hoor) preservados com o máximo segredo.
Foi do Egito que veio a corrente de Osíris, a qual, devido a diversidade de povos e línguas, e as dificuldades de comunicação no plano material, manifestou-se em pontos diferentes do continente Indo-Europeu sob formas diversas, embora seguindo sempre a fórmula do Deus Sacrificado. A corrente começou aproximadamente no ano 500 A.C. Um extático da Ásia Menor, cujas aventuras tornaram-se lendárias e que eventualmente ficou conhecido pelo nome de Dionísio, viajou pela Grécia, Ásia Menor e Índia, ensinando a nova fórmula de Iniciação Racial. Este Iniciado, original verdadeiro do "Jesus Cristo" evangélico, foi um filho espiritual de Krishna, ou antes, de Vishnu, de quem foi Krishna o principal avatar; e sua Palavra era INRI, que é uma modificação da Palavra de Krishna, AUM. Citamos aqui o Capítulo 71 de LIBER ALEPH, um dos mais profundos trabalhos do Mestre THERION:
"KRISHNA tem nomes e formas inumeráveis, e Eu não conheço seu verdadeiro Nascimento humano. Pois sua Fórmula é da mais alta Antiguidade. Mas Sua Palavra se espalhou em muitas terras, e nós a conhecemos hoje em dia como INRI, com o secreto IAO ali velado. E o significado desta Palavra é a Maneira do Trabalho da Natureza em Suas Mudanças; isto é, ela é a Fórmula de Magia pela qual todas as Coisas se reproduzem e se recriam a si mesmas. No entanto, esta Extensão e Especialização foi mais o Trabalho de Dionysus; pois a verdadeira Palavra de Krishna era AUM, implicando antes uma declaração da Verdade da Natureza que uma Instrução prática em Operações detalhadas de Magia. Mas Dionysus, pela Palavra INRI, estabeleceu as Fundações de toda Ciência,da forma como entendemos a palavra Ciência hoje em dia em um Senso particular, isto é, de fazer com que a Natureza externa mude em Harmonia com nossas Vontades."
Este Iniciado, cujo nome carnal é hoje desconhecido, mas que conhecemos por Dionísio (o qual pode ter sido seu nome, pois se tornou bastante comum na Ásia e na Grécia depois de sua morte), viveu e trabalhou aproximadamente quinhentos anos antes da assim-chamada era "Cristã". Foi mencionado por um dos profetas judeus — Isaías — em várias passagens do Livro de Isaías. Estas eram estudadas com veneração profunda pelos velhos Essênios, que sabiam do seu sentido oculto. A passagem principal é citada aqui (parênteses meus):
"Quem acreditou em nossa pregação? A quem foi mostrado o braço de ADONAI? (braço é um eufemismo para o Falo, o órgão material do Verbo. Coxa, braço, quadril, chifre, etc., são eufemismos para pênis, usados tanto no Novo quanto no Velho Testamento para apaziguar as mentes prurientes dos tradutores que, projetando seus próprios traumas psíquicos, acharam que o povo ficaria chocado ao ouvir uma pica chamada de pica. Este tipo de "censura bem intencionada" ainda hoje é praticada: os cristãos todos parecem achar-se capazes de "proteger a virtude" de seus semelhantes!) "Porque foi subindo como um rebento novo (ou seja, como uma Palavra nova, necessariamente mal entendida e temida a princípio) perante Ele, e sua raiz em uma terra seca; não tinha presença nem formosura; olhamo-lo, mas nenhuma beleza tinha ele que nos agradasse.
"Foi desprezado, o mais rejeitado entre os homens; homem que sofrera e sabia o que é padecer; como um de quem os homens se desviam, foi desprezado, e dele não fizemos caso.
"Em verdade, ele tomou sobre si nossas mazelas; as nossas dores carregou sobre si; e por isto o considerávamos aflito, ferido de Deus e opresso.
"Ele foi golpeado, mas por nossas transgressões; moído, mas por nossas iniqüidades; o castigo que nos trouxe a paz caiu sobre ele, e pelas suas pisaduras nós fomos sarados.
"Andávamos todos desgarrados, como ovelhas, cada um se desviava do caminho, mas ADONAI fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos.
"Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e como ovelha, muda perante seus tosquiadores, manteve silêncio.
"Por decreto tirânico nos foi arrebatado, e sua linhagem, quem dela cogitou? Pois ele, foi cortado da terra dos vivos; por causa da transgressão do meu povo ele foi ferido.
"Deram-lhe sepultura com os perversos, mas com o rico habitou em sua morte, pois nunca fez injustiça, nem dolo algum se achou em sua boca.
"Todavia, a ADONAI agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando ele deu a sua alma (a Vulgata tem der, para sugerir que isto é uma profecia sobre — claro — "Jesus Cristo") como oferta pelo pecado, viu a sua posteridade (isto é, seus filhos mágicos) e prolongará seus dias; a vontade de ADONAI prosperará em suas mãos.
"Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma, e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo, com sua compreensão (isto é, Binah; a "entrega da alma" corresponde a passagem do Abismo) justificará a muitos, porque as iniqüidades deles levará sobre si.
"Por isso eu lhes darei muitos como a sua parte (isto é, como seus discípulos) e com os poderosos (isto é, os Reis ou Potestades — uma das hierarquias celestiais) repartirá ele os despojos; porquanto derramou a sua alma (isto é, o seu sangue — o Vinho de IAO — na Taça de BABALON, que contém o sangue dos santos) na morte; foi contado com os transgressores (isto é, considerado maligno), contudo levou sobre si o pecado de muitos, e pelos transgressores (isto é, os malignos entre os quais foi contado, os quais eram na realidade os que o condenavam) intercedeu."
Livro de Isaías, LIII, vv. 1—12.
Talvez o senhor compreenda melhor o acima se eu citar aqui alguns versos de um dos Livros Santos de Télema:
"46. Ó meu Deus, mas o amor em Me rebenta sobre os laços de Espaço e Tempo, meu amor é derramado entre aqueles que não amam o amor.
"47. Meu vinho é servido àqueles que nunca provaram o vinho.
"48. Os fumos dele os intoxicarão, e o vigor do meu amor engendrará bebês pujantes de suas virgens."
Liber VII, vii, vv. 46—48.
Há certos segredos iniciáticos, Dr. G., que não podem ser "revelados" pela simples razão que apenas aqueles que os experimentam em si mesmos são capazes de compreender referências a eles feitas. Portanto limitar-me-ei a dizer que a história simples contada nos versos de Isaías descreve a carreira de todo Adepto Cristão. Isto, em teoria, seria também a história de todo Maçom do Grau 33°, mas na prática, embora não tenham os senhores perdido a Palavra, mantém a letra mas não o espírito. Os senhores Maçons caíram bem aquém do que era tencionado por seu sistema — isto principalmente devido ao constante ataque da Igreja de Roma.
Os patriarcas Romano-Alexandrinos que escreveram o Novo Testamento copiaram palavras de verdadeiros Iniciados; resulta que, encerradas em seus Evangelhos adulterados, ainda há várias chaves que aqueles que "tiverem ouvidos de ouvir" (isto é, percepção espiritual: o sentido da audição corresponde ao Akasha hindu, o Elemento do Espírito) podem usar para encontrar a Medicina Universal e o Elixir da Vida...
No entanto, os Romano-Alexandrinos erraram tristemente ao tentar usar de métodos profanos para expandir um Cristianismo viciado por interpretações dogmáticas e ambições temporais de poder político e financeiro. Falharam por não fazerem o preconizado por Jonas aos Essênios: "dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus". Invariavelmente, quando quer que na história da humanidade um sistema de teurgia é conspurcado e se torna uma religião organizada, sofrem os elos entre o sistema e sua fonte espiritual. Os planos não podem ser misturados, e acreditando-se movidos pelas melhores intenções, os Romano-Alexandrinos foram na verdade impelidos por vaidade e orgulho — sentimentos enraizados no ego — precisamente a faculdade que o homem deve destruir na Passagem do Abismo!
O resultado foi que, perdendo o contato com o Logos do Aeon de Osíris, a Igreja Romano-Alexandrina tornou-se instrumento de forças demoníacas — isto é, de forças ilusórias, egóicas — e deu-se desde então a erros espantosos, a crueldades indizíveis.
Conseqüentemente, os verdadeiros Cristãos retiravam-se daquela igreja no momento mesmo em que ela triunfava sobre suas "rivais" Gnósticas e Essênias e aliava-se aos príncipes do mal do mundo. Retiravam-se, e silenciosamente continuaram seu trabalho através de todo o abuso e perseguição que se seguiram; e eventualmente, para contrafazer mais eficientemente os efeitos da Grande Feitiçaria, criaram a Maçonaria.
O senhor sabe, é claro, que o Rito Antigo, ou melhor, a Grande Loja da Inglaterra, foi organizada (e o Rito inteiro reformado) por um certo Elias Ashmole, Judeu, e irmão da R.C. A R.C. (que só existe neste mundo com este nome, desde que o grande iniciado que se ocultou sob o nome de "Christian Rosenkreutz", começou o movimento que resultou na Renascença, na Reforma e nas Revoluções Francesa e Americana) é responsável pelo Mistério do Logos — o Mistério do Cristo. É tarefa dela zelar para que este Mistério jamais seja perdido pela humanidade. Quando quer que, por erros humanos, por oscilações do karma terrestre, ou pelas leis do acaso, a transmissão da Palavra e do Sinal (isto é, a sucessão apostólica) é ameaçada, é a R.C., sob um de seus muitos véus (ela nunca usa abertamente o nome de R.C.!) através de um ou mais de seus Irmãos, que lembra à humanidade o significado espiritual da Encarnação; da Promessa de Ressurreição; da Grande obra; isto é: o Estabelecimento do Reino de Deus sobre a Terra.
A R.C. nunca interfere de forma alguma com a organização ou direção de ritos Maçônicos; nem seus Adeptos, necessariamente ingressam em tais ritos. Apenas, informação em quantidades suficientes é outorgada, e fontes de pesquisa são sugeridas ao exame dos Maçons, para que o significado espiritual dos ritos seja restabelecido pelos próprios Maçons.
A R.C. está abaixo do Abismo: A Grande Ordem que não tem nome é simbolizada pelo Olho no Triângulo, e este é o Collegium Summum, ou a S.S., da A\A\
A A\A\ é apenas uma das Fraternidades Iniciáticas, e abaixo do Abismo é das mais novas. Foi organizada em sua forma presente na primeira década deste século.
Quanto a S.S., é a mesma para todas as Fraternidades Iniciáticas. Isso é fonte de surpresa, às vezes, para iniciados de graus mais baixos, pois chegando a certas consecuções, verificam que Mestres que pareceram pregar doutrinas completamente opostas (como, por exemplo, Maomé e Jonas) estão sentados lado a lado no Aerópago dos Adeptos.
Recapitulando:
Quem é "São João Batista"? É Jonas, Ionas, Jon, Johannes, João, o Mestre da Retidão dos Essênios, cujos sermões são postos nos Evangelhos na boca de "Jesus".
Quem é "Jesus"? É qualquer Adepto, isto é, qualquer indivíduo que tenha atingido o Conhecimento e Conversação do Sagrado Anjo Guardião, o Paracleto.
Quem é "Jesus Cristo"? É o nome dado pelos Romano-Alexandrinos à sua versão fictícia do Logos do Aeon de Osíris, cuja Palavra foi INRI, a quem Nós conhecemos por Dionísio.
Quem é o "Pai" a quem "Jesus" sempre se refere nos Evangelhos? É o Logos, a LUX, o Verbo, cuja Sephira é Chokmah, o Primogênito de Kether.
Quem é Cristo? Tecnicamente é todo e qualquer Adepto, desde que, no simbolismo Grego, o nome corresponde ao Essênio Jeheshua; mas na prática o título é usado para designar o LOGOS AIONOS.
Do ponto de vista místico, "ninguém atinge o Pai a não ser pelo Filho"; conseqüentemente, desde que todo Adepto Cristão é uma Encarnação do Verbo, a distinção entre o Cristo Solar e o Cristo Interno é mera ilusão do profano. "Ego sum qui sum", diz o Iniciado — AHIH, EU SOU O QUE SOU.
Quando Aleister Crowley estava sendo "julgado" (foi nesta ocasião que o juiz, presidindo, o chamou de "o pior homem do mundo"), o promotor lhe perguntou:
"Não é verdade que o senhor se chama a si mesmo de A Besta do Apocalipse?"
Crowley, que já estava acostumado a esperar o pior de seus semelhantes, respondeu com a paciência e agudeza de humor que lhe eram características:
"Este nome significa apenas O Sol. O senhor pode me chamar de Raio-de-Sol, se quiser."
Isto é: chamá-lo de Adepto, ou seja, Jeheshua, ou seja, Maçom 33°, Dr. G., Sol em miniatura, isto é, Tiphereth ...
Esta confusão entre o Adepto e seu Pai aparece até em "João Batista" quando ele diz: "Eu sou a Voz (ou seja, o Verbo) que clama no Deserto (isto é, no Abismo)."
O mais antigo símbolo conhecido para o Logos é o Olho dos Egípcios; e o Olho está no Abismo; este é o Olho do Triângulo, e esse é o verdadeiro Baphomet, o Chefe Secreto de todos os Maçons.
Abaixo do Abismo, Ele é representado por dois Adeptos, um do Pilar Branco, o outro do Pilar Negro. O do Pilar Branco é o Adepto Exempto, e ele promulga a Lei; o do Pilar Negro é o Adepto Maior, e ele faz com que as promulgações do Adepto Exempto sejam cumpridas.
Os judeus, depois que pararam de sacrificar primogênitos, tinham dois bodes sagrados para os festivais, um branco e outro negro. O branco era sacrificado a IAO (o nome mais antigo de Jeová); o negro, carregado com as maldições dos sacerdotes, era impelido para o deserto...
Compreende o senhor melhor agora, Dr. G., por que razão a Sala dos Maçons é chamada a Sala do Bode Preto?
O Olho no Abismo é o Olho do Sol, o Olho de Hoor, que, por certas razões ocultas, é identificado com o ânus. É por isso que se dizia, dos adoradores de "Satã", que eles "beijavam o ânus de um bode preto"... E no Egito Antigo, em certo ritual onde cada parte do corpo do Iniciado era colocada em relação com cada parte correspondente de algum ser divino, o Iniciado dizia em dado momento: "Minhas nádegas são as nádegas do Olho de Hoor."
Mas que diabo — perdoe o trocadilho — é na verdade este notório Satã que os padres romanos nos acusam de adorar, e a quem eles culpam por seus fracassos (ao invés de culparem a sua estupidez preconceituosa)?
Quando a Igreja Romana começou a "catequização" das províncias, encontrou continuamente deuses locais. Aprendendo as peripécias lendárias de tais deuses, os engenhosos padres romanos fabricavam um "santo" com as mesmas proezas e diziam aos ignorantes pagões: "Esse seu deus não é mais do que um demônio que tenta lhes desviar de Nosso Senhor Jesus Cristo, e para este fim imita as façanhas de nosso amado mártir Fulano. E se vocês não me acreditam ouçam a história da vida de nosso santo mártir..."
E lá vinha a ladainha.
Dessa forma, a Igreja Romana assimilou em sua liturgia um panteão inteiro de deuses "pagãos" que eram transformados em santos e santas e mártires imaginários — os únicos mártires Cristãos do início do Cristianismo foram os Essênios e os Gnósticos, a quem os Romano-Alexandrinos acusaram, caluniaram e denunciaram aos Imperadores. Exemplos: aqueles que adoravam o Cristo sob a forma de um asno (Priapus); os que adoravam o Cristo sob a forma de um peixe (Oannes); os que adoravam o Cristo sob Seu Nome de Baco ou Dionísio...
Mas houve um deus pagão que os romanos não conseguiram absorver, porque suas peripécias eram por demais viris para serem atribuídas a um "santo romano", que era necessariamente um castrado, no corpo ou no espírito. Por outro lado, seus ritos eram tão vitais, tão universalmente populares nas províncias que era impossível esperar que o povo o esquecesse; depois de seis séculos de tirania Romano-Alexandrina ele ainda era conhecido e adorado: o deus PÃ, o deus de chifres e de cascos de bode...
Portanto, não podendo fazer dele um santo, Dr. G., fizeram dele o diabo.
Uma profusão de dados sobre tudo o que foi escrito acima pode ser encontrado nos seguintes livros:
THE GOD OF THE WITCHES, de Margaret Murray.
O LIVRO DOS MORTOS, traduzido do egípcio por Sir Wallis Budge.
THE GOLDEN BOUGH, de Sir James Frazer, na edição completa em vários volumes. Neste trabalho monumental o senhor encontrará um estudo detalhado dos deuses pagãos tornados em "santos" e "mártires" do calendário romano...
Mas, voltando ao deus Pã: a Igreja Romana lutou contra os ritos deste deus durante vários séculos. Os festivais de Pã eram orgiásticos — daí sua popularidade — e celebrados nos Equinócios e Solstícios. Eventualmente, a Igreja Romana foi forçada a incorporar estes rituais em sua liturgia, visto ser impossível eliminá-los; e sabiamente fez deles os festivais mais importantes do culto a "Nosso Senhor Jesus Cristo": a Páscoa (com Corpus Christi), o "Natal", o dia de "São João Batista" e o dia de "São João Apóstolo". Eventualmente, a reforma gregoriana mudou o "Natal" que a princípio era oscilável como a Páscoa e Corpus Christi, e caía no Solstício; e tendo finalmente absorvido o rito orgiástico que então tinha lugar, os padres romanos fixaram a data em 25 de dezembro (dava muito na vista um aniversário oscilante!...) Desde então os católicos romanos, seus derivados posteriores e muitas ordens ocultistas espúrias celebram nessa data a "ressurreição" ou "nascimento" do Sol: isto porque o Solstício de Inverno é o momento em que o Sol, tendo alcançado seu máximo declínio meridional na eclítica, começa sua volta para o Norte, levando o calor que renovará a vida da vegetação na Primavera.
Mas do ponto de vista Iniciático, quem era este Pã?
Como qualquer deus de toda e qualquer terra em todo e qualquer período da história do mundo, era uma das formas pelas quais o Sol Espiritual, que é o Pai verdadeiro, ou o seu Primogênito, que é a "Besta", são adorados. Esta Besta varia segundo a precessão dos equinócios, pois o Equinócio da Primavera se move (devido ao deslocamento do ponto vernal) de signo para signo no Zodíaco aproximadamente a cada dois mil e quinhentos anos e no Zodíaco os signos são alternadamente representados sob a forma humana e a animal.
No Aeon passado, os pontos vernais caíam respectivamente em Virgo e Pisces, a Virgem e o Peixe; no que lhe antecedeu, caíam em Áries e Libra, o Carneiro e a Justiça (a mulher com a espada e a balança dos romanos antigos); no presente, os pontos vernais caem em Aquarius, ou seja, a Mulher com a Taça (BABALON) e em Leo, ou seja, a Grande Besta Selvagem (THERION).
O deus Pã é simplesmente a fórmula do Logos que data do Aeon de Câncer-Capricórnio. Aí está o "diabo" dos padres romanos reduzido às suas verdadeiras proporções. Reduzido?... Bem, é uma questão de ponto de vista...
Não podemos nos aprofundar nesta questão do deus Pã, nem no simbolismo dos chifres, nem mesmo na história completa da luta da Igreja Romana contra o culto do "Diabo"; um culto que, diga-se de passagem, Roma jamais conseguiu destruir, a despeito de seus esforços sinistros. O senhor encontrará os dados fundamentais para tal estudo num livro precioso, publicado pela primeira vez no século XVIII, mas recentemente republicado nos Estados Unidos e na Inglaterra:
TWO ESSAYS ON DE WORSHIP OF PRIAPUS, de Payne Knight.
Limitar-nos-emos a dizer aqui que este era o deus adorado por "bruxos" e "feiticeiras", que preservaram seus ritos orgiásticos apesar de toda perseguição implacável, das calúnias absurdas e do terrível risco de tortura e morte na fogueira, além de outras punições impostas pela Igreja de Roma, não só da Idade Média como até ao século XVIII — e que só não são impostas até hoje devido ao trabalho paciente e silencioso dos Maçons, representantes dos verdadeiros Cristãos...
Depois que Romanos e Alexandrinos estabeleceram seu domínio teológico no Concílio de Nicéia (disto falaremos depois) e instituíram o dogma de "Jesus Cristo" como personagem histórica e "única Encarnação do Verbo", os poucos Essênios e Gnósticos que sobreviveram à "purgação", continuaram, sob o maior segredo, a tradição pura e original dos Mistérios Menores do Egito e da Fórmula de Dionísio.
Várias vezes, no curso destes mil e quinhentos anos, os Iniciados tentaram reconstituir abertamente os ensinamentos Essênios e Gnósticos. Em toda ocasião em que isto aconteceu, a Igreja Romana interveio com fúria demoníaca, assassinando homens, mulheres, velhos e até criancinhas, sem a mínima compunção; ao ponto mesmo (como no caso dos Albigenses) de capitães medievais, homens supostamente embrutecidos pela violência das batalhas selvagens da época, terem ficado tão fartos da chacina que foram perguntar ao papa se, porventura, não estariam exterminando inocentes com os culpados (essa gente morria tão virtuosamente, o senhor compreende!). E foi em tal ocasião que o Bispo de Roma honrou a tradição "Cristã" de sua Igreja com as seguintes palavras:
"Matai a todos; Deus distinguirá os seus."
A matança, Dr. G., incluía até recém nascidos.
E não é que se tratasse de fé cega por parte do Bispo de Roma, na crassa teologia do seu credo. Não é que ele acreditasse realmente na existência de um "salvador" chamado "Jesus", e no fato dos Albigenses serem "criaturas do Diabo". Não, Dr. G., não havia sequer a justificativa do fanatismo — se de justificativa podemos chamá-la — pois os papas romanos sabem, e sempre souberam, que nunca houve nenhum "Jesus Cristo"!
Talvez lhe seja difícil crer no que digo? Pois lembre-se das palavras históricas, proferidas num momento de descuido por um dos mais cínicos e mais prósperos dos papas, Leão X:
"Quantum nobis prodest haec fabula Christi!"
Ou seja: "Quanto nos ajuda esta fábula de Cristo!"
O senhor deve se lembrar de que os documentos originais daquilo que os Romanos chamavam de "Cristianismo" estão preservados na Biblioteca Secreta do Vaticano. É bastante simples para os pouquíssimos prelados a quem a Cúria dá acesso aos documentos mais antigos, verificarem onde acabam os fatos e começa a ficção.
Creio que já falamos suficientemente da história passada da Igreja de Roma. Não deve ser necessário que eu lhe lembre Joana D’Arc, nem Gilles de Rais (contra o qual foram feitas as acusações mais horrendas, mas contra o qual jamais apresentaram evidências — nem sequer um ossinho! — das centenas de crianças que ele havia, supostamente, sacrificado; e seus acusadores, e juízes, dividiram entre si seus consideráveis bens), nem os Templários, nem o Imperador Frederico Hohenstaufen, nem João Huss, nem Michel Servet, nem Henrique IV (assassinado por ordem dos Jesuítas), nem os Cátaros, nem os Albigenses, nem os Huguenotes, nem os Judeus e Árabes de Portugal e Espanha, nem os Gnósticos franceses, alemães, escoceses, irlandeses e ingleses que foram chamados de "feiticeiros" e forçados a confessar obscenidades sob torturas diabólicas, nem Cagliostro, nem uma quantidade imensa de Maçons cujos ossos branquejam a estrada que leva à Roma. Creio que, a um Maçom, não deve ser necessário falar mais do passado dessa igreja infame.
Falemos então do presente — desta época de "reforma" e do "Papa da Paz".
Mudou a Igreja de Roma?
Dr. G., o senhor acha, certamente, que essa propalada reforma romana, que esse muito propagandizado concílio ecumênico, que as duas bulas de João XXIII (na realidade João XXIV: houve uma época, entre outras da história do papado, em que havia três papas. Um deles chamou-se João XXIII, foi forçado a renunciar ao papado quando os dois outros fizeram um pacto contra ele, e pouco após morreu envenenado — por quem, deixamos ao senhor ponderar) — o senhor acha que tudo isso fará da Igreja de Roma algo mais humano, mais próximo de Deus e do Seu Logos?
Muito bem; tenho diante de mim, neste instante em que lhe escrevo, um catecismo católico romano chamado "Doutrina Cristã". É publicado pelas Edições Paulinas e leva o nº 1; é destinado, portanto, ao condicionamento das mais tenras criancinhas. O senhor me disse que, na sua opinião, a Igreja Romana era uma boa introdução à vida adulta para crianças. Se assim é, considere as seguintes passagens que transcreverei desse livreto infame (os parênteses são meus):
"Eu gosto do meu catecismo." (Auto-sugestão inconsciente.)
"O catecismo me ensina o caminho do céu." (Do outro lado, o inferno.)
"O caminho do céu é: conhecer a Deus" (pela boca dos padres), "amar a Deus" (de acordo com a definição de "amor" por parte dos homens que evitam todas as manifestações sadias desse sentimento), "e obedecer a Deus." (Pela boca dos padres, seus únicos representantes legítimos; os demais são servos do diabo, e se alguém tentar definir por si mesmo a obediência a Deus, esse alguém na Idade Média era queimado vivo, e hoje em dia é culpado de orgulho, um dos pecados mortais.)
"Eu irei sempre ao catecismo para conhecer o caminho do céu" (a ameaça velada é que, se a criança não for ao catecismo para aprender o caminho do céu, acabará no inferno).
"Estudarei sempre direitinho o meu catecismo" (e há quem diga que os comunistas inventaram a lavagem cerebral!)
Isto, apenas como introdução. Seguem-se as seguintes notáveis "verdades":
"Jesus morreu na cruz para nos salvar" (falsidade histórica; mas a implicação dogmática é que, desde que somos criaturas condenadas ao inferno desde o nascimento não fosse por "Jesus", precisamos, mesmo na infância, de salvação. Que distância entre isto e "Deixai virem a mim as criancinhas, pois delas é o reino dos céus!..."
"As criancinhas gostam muito de Nossa Senhora (se isto fosse uma cartilha russa, e em vez de "Nossa Senhora" estivesse Lênin, nós chamariamos este tipo de propaganda de atentado contra e mente humana; no entanto, Lênin, pelo menos, realmente existiu! ...)
"Nossa Senhora é a mãe de Jesus." (De fato, BABALON é a Mãe do Adepto; mas não é assim que eles interpretam!...)
Mais adiante, o "Credo", com a nota: "O Credo é o resumo da religião que Jesus nos ensinou."
Isto é uma mentira deslavada, pois nem Jon nem Dionísio, os originais do "Jesus Cristo" evangélico, ensinaram religiões. Buda não pregou o Budismo, nem Lao-Tsé o Taoísmo, nem Maomé o Islamismo; nenhum guia espiritual de vulto estabeleceu qualquer dogma formal, com exceção de Moisés; e ele, ao menos, tinha a desculpa de precisar criar uma cultura do nada, de fazer uma nação daquela multidão de ex-escravos supersticiosos e rebeldes que o seguia. São sempre os sucessores dos Magos (diga-se de passagem, os falsos sucessores) que organizam religiões e dissociam o Espírito da Letra, mais cedo ou mais tarde comportando-se de forma completamente oposta àquela recomendada pelo Instrutor.
No entanto, no caso presente, a mentira é dupla; pois além do fato de que Jon não deixou "religião" a ser seguida, o Credo de Nicéia, que é o credo a que o catecismo em questão se refere, não era sequer um sumário da religião que começava a se cristalizar em redor dos ensinamentos de Jon. Este credo era antes um códice dos dogmas que os Romano-Alexandrinos consideravam essenciais ao estabelecimento de sua dominação política, material, temporal, sobre as muitas congregações — igrejas — fundadas na Ásia Menor e na península romana por seguidores e discípulos de Jon, cada qual com variações de doutrina e temperamento determinadas por condições locais e idiossincrasias do discípulo fundador. Estes discípulos foram os originais dos "apóstolos" dos "Atos" (os "Atos" são uma antologia cuidadosamente censurada; e deturpada pela introdução de incidentes e nomes altamente imaginários, de alguns dos discípulos de Jon. As mais gritantes falsidades lá se encontram misturadas a fatos históricos. O propósito de tais falsificações foi a afirmação da autoridade da Igreja Romana, a qual, longe de ser a mais velha das igrejas Cristãs, era a mais nova e certamente a menos Cristã de todas. Um exemplo interessante é "Simão Pedro", que é o mesmo "Simão o Mago" que a ele se opõe nos Atos... Era um Gnóstico a quem a Igreja Romana teve que atribuir a sua fundação, pois ele pregara em Roma e era universalmente respeitado por todas as congregações; mas ao mesmo tempo, teve que ser atacado devido às doutrinas que tinha em comum com os Gnósticos Gregos e os Essênios Hebreus. "Pedro" e "Paulo" são, possivelmente, a mesma pessoa, mas só pesquisas futuras, empreendidas por investigadores sem preconceitos que tenham acesso à verdadeira documentação, poderão esclarecer tal ponto). A história da maneira pela qual os Romano-Alexandrinos forçaram o Concílio de Nicéia a votar neste Credo é um pântano de horrores. Tal era a situação que os patriarcas visitantes não ousavam andar pelas ruas de Nicéia, Roma ou Alexandria, sem terem ao menos uma dúzia de guarda-costas, por medo de serem assassinados por ordem dos patriarcas Romano-Alexandrinos. (Veja-se OUTLINES ON THE ORIGIN OF DOGMA, DECLINE AND FALL OF THE ROMAN EMPIRE e LA MESSE ET SES MYSTÈRES, para uma discussão detalhada deste assunto.)
Mas examinemos esse "resumo da religião que Jesus nos ensinou"!
"Creio em Deus Pai Todo-Poderoso, Criador do Céu e da Terra..." (Já começa deturpado, pois o "Pai" a quem Jon se refere em seus sermões era Dionísio, o Logos do Aeon, o pai espiritual de Jon. O "Criador do Céu e da Terra" era, na verdade, "Criadores", no plural. A Gênese, um trabalho cabalístico, é sempre mal traduzida. Os "Elohim", criadores do céu e da terra, eram literalmente "deuses macho-fêmea", ou seja, uma hoste divina andrógina. Então, o senhor talvez perguntará, quem era Jeová? Era o Pai de Moisés, da mesma forma que Dionísio era o Pai de Jon!...) Mas continuemos:
"...e em Jesus Cristo, um só seu filho, Nosso Senhor..." (Estas dez palavras causaram mais mortes no Concílio de Nicéia do que quaisquer outras. Houve ocasiões em que patriarcas Romano-Alexandrinos provocaram com insultos pessoais outros patriarcas que se opunham a este "um só seu filho" ou a este "Nosso Senhor" até que os ofendidos reagissem — e fossem imediatamente apunhalados por assassinos previamente instruídos. Quanto a parte de "Jesus Cristo" ninguém a ela se opôs seriamente, visto que os verdadeiros Iniciados Cristãos nem sequer se deram ao trabalho de ir ao Concílio, sabendo tratar-se de caso fraudulento, como quaisquer outros concílios convocados pelos Romano-Alexandrinos antes ou depois deste. Os Iniciados Cristãos já começavam a organizar (prevendo a necessidade premente que para eles haveria) as irmandades secretas que apareceriam abertamente na Idade Média, como a Franco-Maçonaria — o grêmio maçom que construiu as grandes catedrais Góticas. Esses franco-maçons formavam uma classe social a parte, pois, não sendo nobres nem padres nem militares, não eram camponeses ou vassalos, tampouco. A Igreja Romana os protegia porque deles precisava para a construção — sendo ela, até hoje, incapaz de construir coisa alguma... E foi através dessas associações de pedreiros que o verdadeiro Cristianismo foi transmitido de reino a reino, de cidade a cidade, e isto, ironicamente, sob a proteção dos romanos... Veja-se THE ARCANE SCHOOLS, ou qualquer bom compêndio de história da maçonaria para maiores detalhes).
"...o qual foi concebido do Espírito Santo..." (Outra fonte de muitos assassinatos foi este dogma. Sobre ele não faremos comentários: padres romanos certamente lerão esta carta, e não temos qualquer intenção de dar a eles quaisquer dados sobre a natureza do Espírito Santo. Já que eles O invocam tanto, devem saber o que Ele é!...)
"...nasceu da Virgem Maria..." (esta Virgem Maria é também a Grande Puta do Apocalipse. É a Grande Puta porque Ela se dá a tudo o que vive; e é a Virgem porque permanece intocada por tudo a que se entrega. Quem é Ela? É a Casa de Deus, a Natureza, a Grande Mãe, e as leis naturais são as únicas leis realmente divinas... Ísis-Urânia, NUIT, Nossa Senhora das Estrelas, é a concepção dessa Mãe Grande e Eterna, copulando desavergonhadamente e avidamente com todas as Suas criaturas, pois em cada uma delas Seu Senhor se manifesta e A ocupa. Ela é também a mais alta e mais verdadeira forma de PÃ. A Ísis eternamente inviolada é esta Virgem Imaculada, e as imagens da Virgem com o Menino Jesus nas Igrejas Romanas são cópias das múltiplas imagens de Ísis com o Menino Hoor, que podem ser examinadas na seção de Egiptologia de qualquer museu).
"...padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos..." (pessoa altamente questionável esse Pôncio Pilatos, do ponto de vista histórico. Recentemente foram "descobertas" e "reveladas" nos E.U.A. umas "cartas da mulher de Pilatos a uma amiga". Estas relatam como a vida do casal tornou-se puro melodrama depois de haverem lavado as mãos no caso "Cristo Jesus". Mais conversa fiada jesuítica, sem dúvida...)
"...foi crucificado, morto e sepultado, desceu aos infernos, ao terceiro dia ressurgiu dos mortos, está sentado à mão direita de Deus Pai Todo Poderoso donde há de vir julgar os vivos e os mortos." (Tudo isto tem um significado esotérico, e é a verdade de todo Cristo, de todo Adepto; mas os padres de Roma profanam estes símbolos quando os interpretam da forma mais crassa.)
"Creio no Espírito Santo... (eles nem sabem o que Ele é, não tendo merecido Sua presença sequer uma vez, ao longo de mil e seiscentos anos!)
"...na Santa Igreja Católica..." (esta é a única e verdadeira Igreja acima do Abismo, e inclui todos os cultos dos homens; mas os padres romanos querem aludir, naturalmente, à igreja de Roma.)
"...na remissão dos pecados..." (esta "remissão dos pecados", que faz da humanidade uma raça suja e maldita é, de todas as blasfêmias deste credo, a menos perdoável. Esta é precisamente a razão pela qual a Igreja de Roma nunca mereceu a manifestação do Espírito Santo!)
"...na ressurreição da carne..." (isto se refere a doutrina da regeneração, isto é, da Medicina Universal; mas tendo este e outros segredos do Cristianismo primitivo sido perdido pelos romanos, eles interpretam esta frase da forma mais grosseira. Veja-se o RITUAL DE MAÇONARIA EGÍPCIA, de Cagliostro, para maiores detalhes.)
"...na Vida Eterna..." (isto se refere ao Elixir da Vida, novamente mal interpretado.)
"Amém".
Agora, por favor, atente bem para esta passagem que se segue:
"Um dia, alguns anjos fizeram pecado." (Mais adiante explicam o que é pecado.)
"Os anjos maus são chamados demônios."
"Os anjos maus foram para o inferno." (É necessário que haja inferno. Pondere como essas criancinhas eram infelizes, sem saberem que havia inferno antes de entrarem em contacto com a Igreja de Roma!...)
"Para que Deus nos criou? Deus nos criou para conhecê-Lo..." (na versão de Roma.)
"...para amá-Lo e serví-Lo neste mundo..." (os pais tem filhos porque precisam de admiradores e escravos, nenhum ser sobre-humano poderia ter outra motivação...)
"...e depois ir com Ele ao Céu." (Todo cachorro bem treinado merece uma recompensa.)
Convenhamos: a versão romana do Criador mostra bem pouca imaginação criadora!
Mas a insensatez continua:
"Adão e Eva eram felizes no Paraíso. Um dia, porém, fizeram pecado. Que é pecado? O pecado é uma desobediência voluntária à lei de Deus ou À LEI DA IGREJA." (A ênfase é nossa. Note, por gentileza, que os astuciosos roupetas estão duplamente assegurados: primeiro, porque foram eles que escreveram "a lei de Deus"; segundo, porque são eles que escrevem a lei da igreja!)
"Jesus morreu na cruz para nos salvar do pecado." (Eles nem sabem mais o que é "Jesus", e nunca souberam o que é a Cruz.)
"Deus dá o prêmio aos bons e o castigo aos maus. O prêmio para os bons é o céu. O castigo para os maus é o inferno. O céu e o inferno NÃO TERÃO FIM". (A ênfase é nossa. Deus não é apenas destituído de imaginação, é também destituído de misericórdia, para não falar em senso de humor. Este "Deus é um demônio feito a imagem daqueles que o promovem!")
"Quem vai para o Céu? Vai para o Céu quem morre sem pecado grave". (Note que não é necessário ser virtuoso, alegre, corajoso, honrado, para ir para o céu. As virtudes positivas não tem sentido para as criancinhas "cristãs" à moda romana: é suficiente "morrer sem pecado grave". Veja o senhor, no Apocalipse, o que tem o AMÉM a dizer à Igreja em Laodicéia, Cap. III, vv. 14—22).
"Quem vai para o inferno? Vai para o inferno quem morre em pecado grave."
Desta forma os cavalheiros de Roma podem conservar seu bolo e comê-lo ao mesmo tempo. Se o senhor não é batizado (por eles) ao nascer, está destinado ao menos ao purgatório (favor lembrar que o purgatório é uma invenção relativamente recente, promulgada quando o povo começou a reclamar que Roma mostrava pouca caridade para com os homens: no começo, o inferno era a única alternativa para o céu). A vida do senhor, do nascimento à morte, é completamente subordinada a eles: comunhão, sacramento, confirmação, casamento, confissão... Lembre-se Dr. G., que toda esta teologia que ameaça de tormento eterno aos que não a aceitam, toda esta síndrome de repressão, de escravidão psíquica e social, toda esta maquinação, está baseada nas mentiras deliberadas e conscientes dos patriarcas de Roma e Alexandria! Verdadeiramente, eles podem se gabar: "Quantum nobis prodest haec fabula Christi!"
Mas, infelizmente para eles, Dr. G., o Cristo não é uma fábula.
E o Verbo se fez carne, e habitou em nós.
Tu que és eu mesmo, além de tudo meu;
Sem natureza, inominado, ateu;
Que quando o mais se esfuma, ficas no crisol;
Tu que és o segredo e o coração do Sol;
Tu que és a escondida fonte do universo;
Tu solitário, real fogo no bastão imerso;
Sempre abrasando; tu que és a só semente
De liberdade, vida, amor e luz, eternamente;
Tu, além da visão e da palavra;
Tu eu invoco, e assim meu fogo lavra!
Tu eu invoco, minha vida, meu farol
Tu que és o segredo e o coração do Sol
E aquele arcano dos arcanos santo
Do qual eu sou veículo e sou manto.
Demonstra teu terrível, doce brilho:
Aparece, como é lei, neste teu filho!
Os versos acima, Dr. G., foram escritos por Aleister Crowley, "o pior homem do mundo" de acordo com a opinião dos padres que organizaram a campanha difamatória que o seguiu por toda a vida. Estes versos deveriam ser cantados com orgulho por todo Filho da Luz, ou seja, por cada ser humano, cada Filho de Deus!
O senhor ainda acha que a Igreja Romana pode ser encarregada, por homens responsáveis, honrados e ajuizados, da educação de crianças?
Dr. G., enquanto essa igreja não reconhecer publicamente seus crimes contra Deus e a humanidade; enquanto não renunciar para sempre a essa ameaça de inferno e a esse dogma de pecado com os quais forças negativas, que se opõem a evolução da humanidade, tentam impedir ao homem e a mulher que se tornem Deus por meio do ato sexual (veja o Evangelho de "João", cap. IV, vv. 13—16); enquanto ela for a causadora de masturbação e autismo entre os seus assim-chamados monges e freiras, em vez de permitir que se expressem livremente como homossexuais (qual são freqüentemente) ou como heterossexuais (qual são algumas vezes); enquanto o Bispo de Roma não admitir que ele é um entre muitos e herdeiro de uma história acumulada de erros; em suma, enquanto a Igreja Romana existir (pois no dia em que renunciar a todas as suas infâmias não será mais "Romana", mas finalmente parte da verdadeira Igreja Católica, a Humanidade), a ela se aplicam as palavras de Jon, o filho da Luz copiadas por ela em seus assim chamados "Evangelhos":
"Cuidado com os falsos profetas, que a vós se mostram como cordeiros, mas que internamente são lobos vorazes.
"Pelos seus frutos os conhecereis.
"Nem todo aquele que me diz: Senhor! Senhor! Não temos nós profetizado em Teu nome, não temos expelido demônios em Teu nome, e em Teu nome não realizamos muitos milagres?
"Então eu lhes direi tranqüilamente: Nunca vos conheci. Afastai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade."
"Mateus", VIII, vv.15—23.
Francamente, Dr. G., não posso entender como um Maçom, como um homem sensato e honrado pode, por um momento, defender uma instituição que é uma nódoa na história da humanidade. Nós, verdadeiros herdeiros de Cristo, temos sido acusados de odiar a Igreja de Roma. Sabe Deus que não a odiamos: nós a abominamos e desprezamos com tal intensidade devido aquilo que não só é vil em si mesmo, como aviltante para tudo o que é sagrado e valoroso no homem. Dizem que o diabo corre da Igreja de Roma, e é verdade. Mas não é que nós a temamos: ela nos enoja. É inútil proclamar o efeito maravilhoso que o Romanismo tem exercido sobre a civilização ocidental. A verdade é precisamente o oposto. Roma tem combatido toda reforma e todo progresso a cada passo, aceitando-os apenas no último minuto, e então fingindo — para os incautos — tê-los inventado. A renovação das artes, das ciências, da liberdade humana, jamais veio de Roma; veio dos Maçons, dos árabes, dos judeus, da herança pagã redescoberta na Renascença, dos protestantes alemães, franceses e ingleses, das invasões dos piratas normandos e até das hordas de tártaros e turcos: nunca de Roma.
Considere a evidência histórica, Dr. G.! Durante mil anos, o sistema feudal, tornado odioso justamente pelos abusos decorridos da aliança da igreja com os senhores feudais, oprimiu a população da Europa. Veio a Reforma — e em um século o sistema havia praticamente desaparecido. A Inglaterra católica romana era uma ilhota insignificante perdida no mapa da Europa: veio Henrique VIII, expulsou os jesuítas, criou o Anglicanismo — e em duas gerações a Inglaterra derrotava a Espanha católica romana, tornava-se o maior poder naval do mundo e estava prestes a construir um império mais poderoso que o dos Césares. A França decaiu com os Valois católicos romanos: veio Henrique IV, protegeu os Huguenotes, foi assassinado por isto, mas em um século a França de Luís XIV deslumbraria o mundo. Os protestantes colonizaram a América do Norte; compare o progresso da civilização da América do Norte com a situação das Américas Central e do Sul, colonizadas por padres jesuítas!
Os países onde no momento prevalece o dogma romano, estão atrasados de cinqüenta a cem anos em progresso material, e moralmente, em certas áreas, o atraso é de quinhentos a mil anos. Os países protestantes têm sina muito melhor. Mas, infelizmente, mesmo os protestantes não estão livres da mancha do "pecado original" e do complexo de culpa, como tampouco a crença da necessidade de "salvação" já que usam os textos evangélicos fabricados por Romano-Alexandrinos; e não foi a toa que Ambrose Bierce, por muitos considerado um dos maiores Iniciados americanos, escreveu, como parte da definição da palavra "Cristão" em seu impagável e realista "O Dicionário do Diabo":
"Sonhei-me no alto dum morro, e vejam só:
Em baixo, pias multidões, com ar de dó
Triste e devoto, andavam de cá para lá
Domingadas em suas roupas de sabá,
Enquanto na igreja os sinos gemiam
Solenes, alertando os que em falta viviam.
Foi então que pessoa alta e magra eu vi
Vestida de branco, a olhar para ali
Com a face tranqüila, suave, simbólica,
E os olhos repletos de luz melancólica.
‘Deus te abençoe, estranho!’ — exclamei.
‘Inda que, por teu diverso traje, bem sei
que vens sem dúvida de longínquo cantão, espero que sejas, como essa gente, Cristão.’
Ele os olhos ergueu, com tão severo ardor que senti meu rosto a queimar de rubor, e respondeu com desdém: ‘Como! O que é isto?!
Eu, um Cristão? Na verdade, não! Eu sou Cristo’." (Tradução de Soror K.A.)
Se o senhor quiser ler um magnífico estudo psicológico do Romanismo, leia "O ANTICRISTO" de Nietzsche, e quando quer que o senhor encontre a palavra "Cristão", substitua-a por "católico romano". O senhor terá a Igreja de Roma exatamente como é.
Resumindo o conteúdo desta carta:
Todos os homens são filhos de Deus, Todos os homens são capazes de realizar sobre a terra o Reino dos Céus, que está dentro de nós. Somos todos membros do Corpo de Deus, todos Templos do Espírito Santo, e basta limpar o Templo — o que não significa castrar-se fisicamente ou psicologicamente! — para que a Presença se manifeste.
Não há nenhum "Jesus, filho único de Deus" para ser adorado; e quaisquer pessoas que afirmem o contrário ou estão enganadas ou estão enganando.
Está escrito nos "Evangelhos": "Vós conhecereis a verdade, e a verdade vos fará livres."
E também, está escrito, nos originais santos, blasfemados e traídos pelas perpetrações Romano-Alexandrinas, que Jon olhou sorridente para a multidão e, abrindo os braços, lhe bradou:
VÓS SOIS O CAMINHO, A RESSURREIÇÃO E A VIDA!
Pois é eternamente verdade que o Verbo se faz carne; e, neste exato momento, habita em nós. Amor é a lei, amor sob vontade.Marcelo Motta
Nota Bibliográfica
e
Addendum
Esta carta foi originalmente escrita no dia 9 de julho de 1963 e.v., endereçada a um maçom osiriano, médico, o Doutor Luiz Gastão Costa Souza, clinicando em Petrópolis, RJ. Foi-nos posteriormente dito, por outro maçom osiriano e ex-Aspirante, Euclydes Lacerda de Almeida, que o Dr. Gastão cuidadosamente guardou a carta, mas se absteve por completo de mostrá-la a outros maçons.
Após o Primeiro de Abril de 1964 e.v., a carta foi copiada a carbono pelo autor, e distribuída livremente nas ruas do Rio de Janeiro a pessoas a quem ele se sentia impulsionado a entregá-la. A segunda versão foi consideravelmente ampliada na parte bibliográfica e histórica. O presente documento representa a terceira, e, esperamos, final versão.
A carta original terminava com os seguinte dizeres:
"Doutor Gastão, este momento é um dos mais graves na história da humanidade. Dos quatro cantos do mundo forças das mais hediondas, das mais diabólicas, forças desalmadas se concentram em um ataque ao Homem, a Deus, à Justiça e à Verdade. Os comunistas encarnam um dos aspectos destas forças; as religiões organizadas do Aeon passado encarnam outros. No momento presente, são pouquíssimos os homens que conservam contato com os planos espirituais; e no entanto eu levanto minha voz em profecia e lhe digo:
Esta é a escuridão da Passagem dos Aeons.
No Novo Aeon, serão os bodes que organizarão a Igreja.
A maçonaria é a chave do Templo de Deus.
Eu avisei o senhor quando nos vimos: se os maçons brasileiros tentarem honestamente limpar a maçonaria das forças malignas que tentam infiltrar-se nela; se eles se despertarem novamente para a luta espiritual e para a luta cívica, eles terão todo o auxílio que for necessário. O Olho ainda está no Triângulo. MAS SE VÓS FIZERDES PACTOS COM DEMÔNIOS, O OLHO SE FECHARÁ SOBRE VÓS.
Não é possível ser maçom e ser católico romano.
Não é possível ser marxista e ser maçom.
Não é possível ser maçom sem ser cristão. Limpai as Lojas! Ou o Olho se fechará sobre vós.
Calafetai as Lojas! Ou a energia espiritual que nelas se acumula se escoará (esta é a razão por que o vosso segredo é a vossa força).
Serví o Brasil antes de mais nada; acima de toda outra nação; sois brasileiros, e o progresso — como a caridade — começa em casa. Dai aos pobres do vosso excesso, mas não da vossa substância.
Sede verdadeiros maçons: maçons dignos dos que vos precederam, maçons dignos dos que fizeram a Independência, o Segundo Império e a República.
Nunca tenhais medo de lutar pela Verdade e pela Justiça, e perdoai os vossos adversários — mas vencei-os antes! Não agradeçais à Igreja de Roma as concessões que ela vos "faz". Ó meus irmãos — pois como homens, somos todos irmãos — essas "concessões", vós as conquistastes: não ouvis os gemidos de dor? Não vedes os oceanos de sangue, não percebeis a legião de mártires maçônicos, não sentis ainda o cheiro e o clarão das fogueiras? A Igreja de Roma nunca fez concessões de ordem teológica a não ser por razões econômicas e políticas; ela sempre se aliou aos tiranos contra os oprimidos, e aliar-se-á aos marxistas, se necessário, para combater-vos; mas sede fiéis ao Olho e o Olho vos servirá.
Todo o progresso humano; toda lei humanitária; toda proteção à ciência pura; toda tolerância religiosa que existe no mundo presente foi o resultado do trabalho dos maçons! Nunca vos esqueçais disto! Não deveis agradecer ao inimigo aquilo que ele não concedeu, mas que vós conquistastes pelo sacrifício de muitos e pelo paciente trabalho de incontáveis outros.
Repito-vos: sede dignos do Olho, ou o Olho se fechará sobre vós."
O Primeiro de Abril de 1964 e.v. não teria ocorrido se os maçons tivessem cumprido as condições desta profecia. Em vez de fazer isto, a maçonaria brasileira deu os seguintes passos para trás nos anos que se seguiram a esta carta:
1) Dividiu sua direção em duas facções antagônicas.
2) Permitiu a publicação em jornais de fotografias do interior de Lojas, inclusive em funcionamento.
3) Promoveu declarações públicas de aliança com a Igreja de Roma.
4) Espionou-nos e cooperou em armar-nos ciladas na busca por desvendar nossos "segredos". Infelizmente, não temos segredos. Ponde um tratado sobre cálculo tensorial nas mãos de um estudante primário e deixai-o ler o livro a vontade: de nada lhe adiantará. O "esoterismo" é uma farsa: verdadeiros segredos NÃO PODEM ser revelados, pela simples razão de que sem vivência é impossível compreendê-los, mesmo quando são explicados da maneira mais simples e mais franca. Hoje, como em toda época, o mistério é o inimigo da verdade.
Devido ao desleixo ou inércia dos maçons, a profecia da carta se cumpriu e continua cumprindo. Como conseqüência, a maçonaria brasileira só está viva agora na O.T.O. e na Ordem de Télema. Nós não reconhecemos nenhum movimento maçônico do Velho Aeon.
A bom entendedor, meia palavra basta; aos maus entendedores, milhares de discursos não surtirão efeito.
Não existe Lei além de Faze o que tu queres.
Rio de Janeiro, AN LXXIII, 7 de janeiro de 1977 e.v..
Adendo, 20 de agosto de 1987 e.v.:
Faze o que tu queres há de ser tudo da Lei.
A passagem do tempo e a influência do texto original desta carta sobre o Romanismo viram o aparecimento da assim chamada "Teologia da Libertação". Para os incautos, pode parecer que a Igreja Romana está melhorando. Depois da chacina impiedosa dos militantes comunistas nos movimentos populares de reforma agrária (chacina organizada e executada pela direita católica romana brasileira), este movimento, infiltrado de padrecos e outros "pastores" crististas (firmemente apoiados pelo sionismo, diga-se de passagem!), agora reivindica reformas através de "missas" e "procissões". Dirigentes marxistas, como Fidel Castro, fazem ruídos de tolerância para com o romanismo "reformista" que se propagandiza como "amigo e defensor dos pobres".
Os teologismos de Leonardo Boff e "Frei Beto", entre outros, parecem bastante plausíveis àqueles cuja capacidade de raciocínio é rudimentar — como, após um quarto de século de cuidadosa lavagem cerebral, sóe serem a maioria dos latino-americanos. A Igreja Romana espertamente promove esses e outros pseudo-dissidentes através de bem propagandizadas "censuras" e "punições".
Esta mesurada dança de batinas esbarra, entretanto, contra várias rudes verdades. Do ponto de vista material, duas estatísticas falam: primeiro, que a Igreja Romana é o maior proprietário de imóveis do Brasil (sempre através de testas-de-ferro, "irmandades", etc.); segundo, que mais de setenta por cento dos brasileiros não moram em casa própria.
Do ponto de vista psicológico, a "Teologia da Libertação" em nada muda o defeito fundamental do Romanismo: em nada ataca, em nada atinge o Credo de Nicéia. A finalidade dessa "teologia liberadora amiga dos pobres" é simplesmente tornar o romanismo aceitável aos marxistas, que já controlam metade do globo, e estão gradualmente conquistando, pelo menos ideologicamente, a outra metade. Ultimalmente, o que o Vaticano deseja é o que sempre desejou: total controle do poder político e econômico em todo o mundo e total restrição da vida intelectual e moral da humanidade. A "Nova Teologia" é tão "nova" quanto a "Nova República".
Um famoso "médium" brasileiro, autor de muitas "obras psicografadas" assinadas com os nomes de gênios literários falecidos, tanto de nosso país como de outros, recentemente comentou candidamente a uma admiradora que às vezes ele duvida da verdade do que faz; mas que, como a maior parte do dinheiro que angaria é dedicado à caridade, ele acha que faz mais bem do que mal aos seus semelhantes.
Esta opinião tem sido ecoada por muitos charlatões através dos séculos; entre outros aquele que disse: "Quanto nos ajuda essa fábula do Cristo!". Ocorre, entretanto, que os fatos da natureza não podem ser mudados pela ilusão humana. O bem-estar social não nasce da mentira: a "caridade" praticada com uma falsidade como base produz apenas mais gerações iludidas; os últimos quinze séculos, dominados pelo cristismo, deveriam servir de lição — e servem — aos brasileiros verdadeiramente inteligentes, e verdadeiramente interessados no bem-estar e prosperidade da nação. Um escravo bem nutrido ainda é um escravo; e quem está disposto a trocar sua liberdade por um falso conforto não é um ser humano: é um ‘bípede implume’ de Diógenes, ou um ‘macaco falante’ de Kipling, ou um ‘homem baixo’ de Aiwass.
Quanto ao sionismo, o motivo por que auxilia o cristismo é muito simples: os sionistas e o Vaticano formam juntos o maior poder financeiro do mundo assim-chamado "capitalista". O propósito da "Teologia da Libertação" é exatamente análogo ao da "T.F.P.": proteger as enormes fortunas multinacionais da nacionalização e socialização que elas têm invariavelmente sofrido nos países marxistas. Agora, como antes, a religião continua sendo o ópio das massas e a garantia dos ricos. E no que concerne o judeo-cristismo, "teologias da libertação" tem como finalidade simplesmente prolongar essa garantia através dos séculos.
Enquanto não abandonar publicamente e definitivamente o Credo de Nicéia, a Igreja Romana não mudará, e o cristismo continuará. Não se elimina causas atacando seus efeitos; nem mesmo quando o ataque não é fingido.Amor é a lei, amor sob vontade.,PARZIVAL XI°